A pouca discussão sobre construções em cima de lençóis freáticos e a falta de obras para garantir a contenção de águas pluviais são as principais preocupações na construção civil no Distrito Federal, segundo a engenheira civil Neusa Maria Mota, doutora em geotecnologia. “O problema vem desde a concepção das áreas urbanas da capital, já que as empreiteiras que vencem as licitações do governo não valorizam um sistema de drenagem”.
Nesse contexto, o problema é o crescimento exponencial das regiões administrativas sem planejamento. Os perigos de desabamento no Plano Piloto não estão entre as principais dores de cabeça dos fiscais porque os edifícios, em geral, não têm mais do que seis pavimentos. “Águas Claras precisa da manutenção corretiva essencial. Não temos edifícios em colapso, mas já temos fachadas extremamente danificadas”, ratificou em palestra para estudantes do UniCEUB.

A engenheira criticou a falta de interesse dos governos em investir em sistemas aperfeiçoados de drenagem ao planejar uma área urbana, já que são obras subterrâneas e não aparecem para o público . “Não fica a mostra. Não dá dinheiro para político”, acrescentou. Em Brasília, existe a obrigatoriedade do laudo de inspeção de marquises. Os donos de estabelecimentos comerciais devem a cada cinco anos apresentar um laudo circunstancial sobre a estabilidade das marquises. Segundo Neusa Mota, isso já é uma evolução, pois nossa engenharia no DF é muito nova. No entanto, ela aponta a necessidade de uma lei que obrigue a inspeção predial. “Precede a manutenção. Dessa forma, detectamos se ela vai ser preventiva ou corretiva”. Existe já um projeto de lei sobre a inspeção predial, porém ainda não foi aprovada(veja imagem ao lado)
A falta de uma legislação especifica que aborde o assunto de lençóis freáticos é um problema na capital. “Em Águas Claras o que se faz é o rebaixamento permanente do lençol. Se faltar energia, corre o risco do completo alagamento nos subsolos”.

Por João Victor Bachilli