A média de idade em que as adolescentes se iniciam sexualmente e se tornam mães está em queda, de acordo com a oficial de programa do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Anna Cunha. Mas, ainda assim, ela ressalta: “Se fala muito que a cada cinco mulheres, uma será mãe na adolescência por essa estimativa no Brasil”. Ou seja, 20% dos partos no país são de mães de 19 anos ou menos, segundo a oficial.
A gravidez na adolescência afeta mais as mulheres que os homens, porque elas abandonam o ensino e perdem opções e perspectivas de vida, esclareceu Anna. Apesar disso, muitas dessas garotas acreditam que ser mãe é uma opção de reconhecimento social, reforçou a oficial. “Observa-se nos anos 1990 que o Brasil apresentou um aumento da gravidez na adolescência. Nos anos 2000, houve uma queda contínua”, explicou a especialista.
A representante da UNFPA também apresentou dados da síntese de indicadores sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2015. Das adolescentes entre 14 e 19 anos com pelo menos um filho, aproximadamente um quinto continuava os estudos, 35,8% residem na região Nordeste, 60% não estudavam ou trabalhavam e mais de 90% cuidavam de afazeres domésticos por uma média de 27 horas semanais. Os dados correspondem ao ano de 2014. “Pensamos aí onde fica o direito à educação”, concluiu a oficial.
Anna foi a primeira palestrante em uma mesa redonda proposta pelo Senado Federal na edição do mês de maio do Pauta Feminina. O projeto é organizado pela Procuradoria Especial da Mulher do Senado. A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), que presidiu o evento, destacou a relevância da reunião: “Este debate não está dissociado do debate que a sociedade está fazendo diante do estupro coletivo que ocorreu no Rio de Janeiro”.
Por Vinícius Brandão