Redações trocam profissionais por estagiários, denuncia sindicato

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A tendência das redações de jornais em Brasília de contratar estagiários para substituir os profissionais causa medo nos jornalistas de enfrentar a exploração no mercado de trabalho, segundo o coordenador geral do Sindicato dos Jornalistas, Jonas Valente. “Um dos itens que o sindicato defende no fechamento da carta de direito é limitar o número de estagiários nas redações”, disse Jonas em palestra para universitários.

O número de estagiários que uma empresa pode ter, previsto por lei, é de um estagiário a cada cinco profissionais. Entretanto, a regra não se aplica para estágio de nível superior.

O coordenador do sindicato afirmou que o papel do estagiário é acompanhar o repórter, entender o processo de construção de uma pauta e o dia a dia em uma redação, diferente do que se vê no mercado atualmente que seria, para o palestrante, a ‘cultura da osmose’ (o estagiário não recebe a devida orientação ao escrever as matérias). “Precisamos transformar o estágio naquilo que ele é, um programa de aprendizado que complementa o curso e deve ter supervisão”.

Sindicatos

Jonas mencionou a prática de diminuir a credibilidade dos sindicatos como algo presente desde a universidade e citou a aproximação, desde a faculdade, entre o sindicato e os estudantes de jornalismo como uma boa maneira de estreitar a relação. “O sindicato tem tentado ampliar o diálogo por meio da parceria com as coordenações de cursos, discussão sobre estágios. Mas é algo que passa também pela consciência dos estudantes”.

Para o coordenador do sindicato, a falta de informação dos alunos precisa ser suprida e é preciso entender a representação sindical como importante para a vida profissional. “Temos que tentar fugir da tentativa de botar um preconceito, pois isso só atrapalha a categoria”.

O sentimento de não poder questionar algumas decisões dos chefes de redação por assumir a possibilidade de ser demitido e/ou de não arranjar mais emprego em nenhum outro lugar é algo constante. “Vemos jornalistas que tem coragem de enfrentar o presidente da república e fazer uma matéria para derrubar um ministro, mas na hora de reclamar que está trabalhando 15 horas por dia ele não faz”, exemplificou o coordenador.

Obrigatoriedade do diploma

Para o sindicato, segundo Jonas, a derrubada da obrigatoriedade do diploma de jornalismo é um grande golpe, pois a formação faz parte da construção do que é ser um jornalista. “Jornalismo é saber apurar, perguntar, conectar as informações e não apenas escrever”.

A necessidade de dominar as técnicas, criar procedimentos e entender a ética por trás do procedimento são pontos que reforçam a necessidade do curso de jornalismo e fazem os alunos entenderem o meio em que estão para entrar, segundo o palestrante. “Nós damos informações falsas ou desequilibradas e não nos preocupamos com o impacto delas. Temos o poder de reforçar uma suspeita ou ato e problematizar aquilo”.

Por João Victor Bachilli

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