Longa amazonense sobre indígena é escolhido para Festival de Brasília

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O longa-metragem amazonense Antes o tempo não acabava, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, fez estreia elogiada no Festival de Berlim de 2016. Agora, os diretores se preparam para trazer o filme às poltronas brasilienses, no 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Rodada inteiramente nas proximidades de Manaus, a produção conta com elenco e diálogos em grande parte indígenas, como conta Sérgio Andrade. “O filme trata de ser índio e ser habitante de uma cidade”, disse.

Informações sobre o filme: https://www.facebook.com/timewasendless

O filme conta a história de Anderson, interpretado pelo ator Anderson Tikuna, um jovem indígena que vive momentos de crise de identidade. Assim, ele decide ir contra as tradições, sair da aldeia e morar na cidade. “Ele também vive um certo conflito com os líderes da comunidade dele, que são vividos também por indígenas. O filme é quase todo falado em língua indígena, o pessoal de Brasília vai assistir um filme com legendas em português”, comenta o diretor.

A vontade de retratar a realidade indígena começou pelo contato com a etnia em produções anteriores, o curta-metragem Cachoeira e o longa A Floresta de Jonathas, como relata Sérgio Andrade. “O que me impressionou muito é que são pessoas que mantêm sua característica original e étnica de indígena procuram manter as suas expressões e seus costumes culturais, mas ao mesmo tempo vivem nessa dicotomia entre a aldeia e a cidade”.

Confira o trailer ao lado: https://vimeo.com/154590441

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O Amazonas, para o diretor, tende a crescer enquanto cenário de produção cinematográfica. As belas paisagens de floresta são um dos atrativos para a gravação de filmes e documentários no estado. “Tem uma tradição de pessoas que vêm para cá filmar, fazer documentários. Mas a gente tem poucas incursões de gente daqui mesmo, que nasceu aqui e de ter expressão com filmes. Então chegou essa hora, acho que agora é possível, com toda essa corrente de produções, há uma atenção voltada mais para cá”.

Depois da boa recepção em Berlim, no início do ano, Sérgio espera ver o mesmo no festival de Brasília, que ocorre de 20 a 27 de setembro. “Para a gente, foi muito boa essa estreia em Berlim, foi inesperada, fantástica e trouxe muita projeção para o filme. Trouxe boas críticas e uma repercussão muito boa. Agora vamos ver em Brasília, não é?”.

Longa brasiliense

Malícia, filme brasiliense do diretor Jimi Figueiredo, também irá concorrer ao prêmio de melhor longa-metragem no Festival de Cinema de Brasília com três locações, Plano Piloto, Ceilândia e Sobradinho. “Estou muito feliz de ter entrado no festival. Vamos a vida inteira no cine Brasília ver esse festival, acho que isso é um sonho para qualquer cineasta daqui”, exemplificou o diretor.

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A obra fala sobre voyeurismo, prática que consiste na observação de pessoas em momentos íntimos. O personagem observa a ex-mulher por não conseguir superar sua antiga relação e seguir sua vida sem dificuldades. O diretor acrescentou que o filme é mais uma reflexão sobre conseguir o que quer por meios nada convencionais, bem estúpidos. “Malícia não no sentido de maldade, mas de jogar com as pessoas”.

Distribuição

O diretor de cinema brasiliense, Jimi Figueiredo, de 55 anos, denominou a etapa de distribuição do filme como ‘funil de todo o processo’, salientando a dificuldade de fazer a produção chegar aos cinemas. “As redes comerciais de cinema no Brasil exigem outro tipo de filme, a comédia. É algo que estamos tentando vencer aos poucos”.

Segundo Jimi, a comédia se tornou um filão comercial brasileiro e, possivelmente, como uma herança das chanchadas dos anos 50 e 60. “Acho que com o tempo, o gênero se consolidou como um molde, referência cinematográfica brasileira”, ressaltou.

Manter o mercado aquecido e gerar empregos para as pessoas na área da comédia é algo positivo, entretanto, está na hora de começar a explorar outros tipões de gêneros, segundo o diretor. “Se pegarmos os filmes mais representativos da história do cinema brasileiro, muitos não são comédias. Cidade de Deus e Pixote são exemplos”.

Jimi ratificou que o cinema brasileiro deve buscar uma identidade própria e se comunicar com ela em forma de mercado e saber vender suas novas ideias. “Temos que entrar no mercado de uma forma mais inteligente em relação aos outros gêneros”.

Festival

O Festival acontece de 20 a 27 de setembro no Cine Brasília. Todos os nove filmes que irão concorrer a melhor longa metragem são inéditos no Brasil e representam produções de sete diferentes estados do país.

Os longas concorrentes são:

A cidade onde envelheço, de Marilia Rocha, 99min, 2016, MG

Antes o tempo não acabava, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, 85min, 2016, AM

Deserto, de Guilherme Weber, 100min, 2016, RJ

Elon não acredita na morte, de Ricardo Alves Jr., 75min, 2016, MG

Malícia, de Jimi Figueiredo, 87min, 2016, DF

Martírio, de Vincent Carelli, em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tita, 160min, 2016, PE

O último trago, de Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti, 98min, 2016, CE

Rifle, de Davi Pretto, 85min, 2016, RS

Vinte anos, de Alice de Andrade, 80min, 2016, RJ

Para mais informações, acesse o site: http://www.festbrasilia.com.br/

Por Bruna Maury e João Victor Bachilli

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