O direito à educação é uma garantia constitucional de todas as crianças e adolescentes brasileiros. Entretanto, diversos fatores sociais, econômicos, culturais, ou até mesmo geográficos, dificultam o acesso à escola. Por anos, os filhos de militares residentes em áreas de fronteira, no interior da Amazônia, ou até mesmo em missões fora do país, precisavam se separar das famílias para continuar os estudos. Nesse contexto surgiu, em 2002, no Colégio Militar de Manaus (AM), um projeto de ensino à distância.
Pioneiro no Brasil, o programa leva ensino fundamental e médio para filhos de militares em 45 países, espalhados por cinco continentes, e atende no momento um total de 504 alunos. Em território nacional, 238 estudantes estão sendo atendidos. Muitos deles residem em postos de fronteiras ou no interior da Amazônia, em localidades de difícil acesso.
Se comunicar com regiões de fronteiras nos limites da Amazônia não é fácil. As avaliações dos estudantes são enviadas pelo meio mais barato e usado na região: o rio. De acordo com o coronel Mário Marszalek, diretor de ensino do Colégio Militar de Manaus, o programa contribui para melhorar o desempenho escolar desses estudantes e reforçar os laços familiares.
“O objetivo do programa de educação à distância é manter o estudante inserido no núcleo familiar. Sem a educação à distância os estudantes acabavam tendo que ficar em um internato dentro da escola e os resultados quando retornavam para casa não eram bons”, explicou o coronel.
As provas são lacradas e enviadas para as regiões com antecedência para que não haja atraso na data marcada _em casos excepcionais, como países com conflitos armados, a prova pode ser enviada pela internet. Assim como no colégio presencial, as famílias dos alunos pagam por uma mensalidade “simbólica”, R$192 para os que participam do programa em cidades brasileiras e R$426 para os que estão no exterior, devido ao custo de envio do material didático.
O aluno recebe, em casa, uma caixa com todo o material necessário para manter os estudos. O kit contém apostilas de matérias bases e pen drive com conteúdo multimídia das disciplinas. O Exército ainda não produz vídeo aulas, mas há um projeto em andamento para para produzir o material disponibilizado nesse formato.
Por Karla Gamba e Marlla Sabino, enviadas especiais a Manaus (AM)
Foto: Divulgação
*Sob supervisão de Vivaldo Sousa