Em junho próximo (Mês Internacional do Meio Ambiente), quando se pede conscientização para a preservação da natureza, as atenções devem mais uma vez se intensificar sobre as medidas que o governo e empresas brasileiras devem tomar para diminuir o impacto dos danos causados pelo desmatamento. As cobranças devem levar em conta as promessas do presidente Jair Bolsonaro no último dia 22 de abril da Cúpula do Clima. No mês passado, o desmatamento da Amazônia foi o maior da série histórica. No entanto, o tema não deve ser discutido somente nas altas esferas de poder, conforme adverte o biólogo João Emílio de Almeida Júnior.

O Brasil, ao assinar o Acordo de Paris, se compromete em desenvolver técnicas e promover ações de combate ao aquecimento global. O objetivo é manter, com colaboração de vários países, a temperatura média da Terra abaixo de 2°C, além de limitar o aumento da temperatura em até 1,5°C.
Além disso, o Acordo de Kigali propõe que os países estabeleçam um cronograma de redução gradual no consumo dos hidrofluorcarbonetos (HFCs) – gases que agravam o efeito estufa. De acordo com o discurso do Presidente Jair Bolsonaro, o desmate ilegal deve ser mitigado no Brasil até o ano de 2030 e as emissões de gases devem ser reduzidas gradativamente a fim de colaborar com as propostas do acordo.
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Efeitos do desmatamento
“Temos que ser positivos e ajudar compartilhando informações e divulgando os efeitos que esse desmatamento pode causar, são coisas pequenas, mas que no final trazem efeitos para toda a humanidade” diz o biólogo João Emílio de Almeida Júnior.
O especialista que faz parte do grupo Hey Biólogo (@hey_biologo) diz que as mudanças climáticas modificam os padrões de temperatura que, por consequência, realiza a má distribuição das chuvas, aumenta a frequência de enchentes, ondas de calor e secas.
Além disso, o especialista aponta que as altas temperaturas modificam a distribuição de organismos na Terra. O relatório do MapBiomas revelou que a área mais atingida pelo desmatamento está na Amazônia (770 mil ha). E, logo em seguida, o Cerrado (408,6 mil ha) que, segundo o biólogo, foi impulsionada pela plantação e limpeza do terreno para a criação de gado.
Doenças
João Emílio ainda alerta que o desmatamento pode ocasionar o surgimento de novas doenças. “Animais perdem seu habitat natural devido ao desmatamento ou queimadas, por exemplo, e eles vão em busca de um novo lar, então isso vai trazendo eles de forma mais próxima a cidade, tendo mais contato com animais domésticos por exemplo, e isso pode transmitir uma doença.”
De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), as queimadas e o desmatamento no Cerrado geraram, entre 1990 e 2017, a emissão de 7 bilhões de toneladas de gás carbônico, principal gás responsável pelo efeito estufa.
Em 2016, o desmatamento do Cerrado emitiu 248 milhões de toneladas de gases do efeito estufa. O biólogo João Emílio esclarece que as mudanças climáticas atenuadas pelo desmatamento têm chamado atenção para a extinção de espécies. “os anfíbios, já estão ameaçados de extinção devido às mudanças climáticas, porque com uma pequena modificação na temperatura normal do ambiente pode ser o fim para esse animais. Outro exemplo são as aves, que devido às mudanças climáticas estão antecipando suas migrações e isso não tem impacto somente a elas, e sim a toda a fauna e flora que dependem dessas aves.”
“Infelizmente a gente vive num momento onde o governo atual não colabora com o meio ambiente, de modo geral, tanto quanto a conservação da fauna quanto a da flora e seriam necessárias leis muito mais rígidas para que fosse impedido o desmatamento” diz o biólogo.
A emissão de gases através do desmatamento chama atenção por significar o aumento das temperaturas do Planeta Terra. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), existe uma probabilidade de 20% de aumento da temperatura em 1,5°C a partir de 2024. Por isso a preocupação em reduzir o número de desmatamento em diversas regiões do mundo.
Por Lorena Rodrigues e Maria Eduarda Cardoso
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira