Jornalismo ambiental: atividade precisa ser combativa, afirma professor

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“O jornalismo atual é muito pouco agressivo, pouco propositivo e muito refém dos interesses dos donos dos meios de comunicação. Precisamos de um jornalismo de combate”. A afirmação é do professor Sérgio Euclides Braga, do Ceub. Ele, que já atuou em Belém (PA), recorda de perceber que, assim que o desenvolvimento chegava nas comunidades interioranas, elas eram desarticuladas e ocorria o aumento da degradação ambiental. Mas o jornalismo, diante de tudo o que se passa, é necessária nova postura de jornalistas.

A palestra teve como convidada a professora da Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS), Eloísa Loose, que é especializada em jornalismo ambiental, o jornalismo não deve seguir apenas interesses mercadológicos, ou seja, não focar somente no que pode viralizar ou naquilo que o “povo quer ver”, mas também precisa despertar consciência nas pessoas para que elas consigam exercer sua cidadania no dia a dia.

Confira abaixo

“O jornalismo precisa estar sempre visando o interesse público, determinado em dar subsídios ao cidadão para que eles possam exercer sua cidadania e contribuir em debates democráticos”, explica.

 

A professora acredita que o Jornalismo Ambiental tem como tarefa assumir um compromisso com o meio ambiente e a cidadania ambiental. Além de propor alternativas que possam minimizar os impactos gerados pelas interações do homem com a natureza.

“É preciso um meio ambiente equilibrado para ter qualidade de vida, é uma questão de sobrevivência”, afirma Eloisa Loose, ao se referir sobre a importância da pauta ambiental, e segundo ela, de uma possível “editorial ambiental” nos jornais. Pois se trata de uma notícia que afeta diretamente e indiretamente o ser humano, e que faz parte do seu cotidiano. “A sociedade e o meio ambiente caminham juntos, mas o jornalismo tenta separar em editorias”, lamenta.

Além do mais, foi ressaltado por ela que dentro do curso de jornalismo, a pauta ambiental ainda é deixada de lado, comentada em apenas poucos momentos da graduação. Sendo que se o profissional quiser se aprofundar sobre o assunto, precisa se especializar após a graduação ou buscar um projeto de extensão.

Já que a própria grade do curso não oferece um conhecimento personalizado sobre o tema, ao contrário, de disciplinas como Jornalismo Político, Jornalismo Literário ou Jornalismo Esportivo. “Jornalismo ambiental deveria ser uma matéria obrigatória, assim como as outras. É uma nova forma de ver o mundo e fazer jornalismo”.

No decorrer da conversa, a professora também contou um pouco do trabalho do seu grupo de pesquisa da UFRGS. “Eu e os alunos fizemos um observatório que analisa como os diferentes veículos expõem as questões ambientais. Ao mesmo tempo que traz soluções positivas, cujo ser humano, o telespectador, pode contribuir.”

Ela explica que a ênfase na contextualização, pluralizar a cobertura (não buscar apenas fontes oficiais, ouvir populações ribeirinhas, indígenas) e assimilação do saber ambiental. “Precisamos internalizar o conhecimento ambiental para entender como ele se conecta com a cultura, a economia e outros assuntos”.

Jornalismo ambiente não deve ser segmentado

Para o professor Sérgio Euclides, a questão ambiental tem que ser politizada porque forças hegemônicas atuantes na sociedade, com poder político e econômico, que evitam essa pauta e devemos enfrentá-los. Ele entende que o jornalismo ambiental não deve estar restrito a uma editoria

“Falta um movimento verde vigoroso no Brasil, verdadeiramente engajado com os problemas e recortes do país. Falta ocupar as ruas e os espaços de discussão e formação de opinião pública. E o tempo está cada vez mais curto para tomarmos atitudes que podem de fato mudar o futuro preocupante que se aproxima”.

Por Alexya Lemos e Paloma Castro

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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