De repente, tudo se torna inseguro. Os pés não se firmam mais no chão. Tudo escorregadio, solitário e inconsistente. Não importam as dores no corpo. O sofrimento também reside na alma, na memória. Sobreviver? É uma obrigação, uma tentativa de preencher o vazio. A vida é um veículo transitório no contexto de uma dor sem fim. Carolina*, 42, foi abusada e agredida pelo ex-companheiro na década de 2000. Hoje, as olheiras se destacam num rosto abatido. Visitar o médico passou a ser uma rotina por causa da depressão, doença que se agravou após sofrer durante o relacionamento. A “salvação” foi a presença do filho, que a manteve longe dos pensamentos de suicídio. Casos como o de Carolina mantêm elevadas as estatísticas de violência contra a mulher. No Distrito Federal, segundo o último Mapa da Violência, o número de mulheres agredidas por pessoas conhecidas representava 2.8% de sua população em 2013, quantidade muito próxima a da média brasileira, que era de 3.1%. Entre 2003 e 2013, cresceu também o número de homicídios de mulheres no DF: 25,8%. A média no país era de 21%. Os dados mostram que, uma década depois da aprovação da Lei Maria da Penha, o machismo não para de fazer novas vítimas mesmo com o recrudescimento da legislação e maior conscientização pública.
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Por Lucas Valença
Colaboraram Aline do Valle, Anne Arnout e Vinícius Brandão