O empoderamento feminino é a luta de fortalecimento dos direitos das mulheres. No Distrito Federal elas são maioria. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da capital em 2016 chegou a 2.977.216. Do total, 1.567.545 são mulheres e 1.409.671 homens, de acordo com a Companhia de Planejamento do Distrito Federal. Em um universo em que pessoas do sexo feminino são maioria na capital, elas demonstram força e resistência em meio a vida que levam. No dia 8 de março a Agência de Notícias UniCeub conta a história de quatro mulheres que, com luta, venceram preconceitos, estigmas e comportamentos machistas.

Uma delas é Raissa de Azeredo, 20 anos. Desde cedo, ela começou a trabalhar. Entrou para o mercado aos 14 anos e desde os 16 arca com as próprias despesas. Hoje, a jovem cursa antropologia na Universidade de Brasília (UnB), trabalha em uma cafeteria e atua como fotografa de nu artístico feminino. Na ultima atividade, ela trabalha em prol da quebra da vergonha do corpo feminino e ajuda mulheres a se libertarem contra padrões estéticos. “Isso faz com que as mulheres dêem um passo a frente na liberdade”, destacou. Feminista, Raissa foi criada pela mãe sozinha. “Meu pai nunca foi presente. Esse foi o primeiro contato que eu tive com o machismo, quando minha mãe tinha ‘obrigação’ de cuidar de mim e ele não”, desabafou.
Na visão dela, a sociedade ainda é machista e prejudicada diariamente. “Sou julgada pelas roupas que uso, tatuagens, maquiagens. Já me perguntaram até se eu era lésbica ou feminista por ter o cabelo com a metade da cabeça raspada. Sinto o machismo me atacando nas pequenas coisas”, lamentou.
Independência
Não só no DF as mulheres são maioria. De acordo com o IBGE, elas também estão em maior número em todo país e, cada vez mais, assumem o comando das famílias. Dados do Instituto mostram que o percentual de lares chefiados por mulheres no país no ano de 2000 era de 22,2% e passou para 37,3% em 2010. E, ainda, as que possuem marido também têm administrado sozinhas as casas. Neste caso, o percentual passou de 19,5% para 46,4% entre 2000 até 2010.
Neste grupo está Juliana Mendes Brasil, 30 anos. Ela cria o filho de 5 anos desde que ele nasceu. A advogada revela que o sofrimento maior é da criança pela ausência da figura paterna que não divide as responsabilidades. “Eles já passaram mais de um mês sem se ver por causa do pensamento machista”, contou.
Desde então Juliana segue dando amor e amparo ao filho, além de conciliar as atividades profissionais. “O momento que considero como uma superação foi ter entendido, sozinha, que aquele relacionamento era muito abusivo e ter saído dele”, destacou. A liberdade também está presente na vida de Jéssica Damásio, 25 anos.
Professora em academias e concursada do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), ela sempre foi adepta as atividades fora da rotina. Amante de viagens, hoje Jéssica está abrindo uma franquia de açaí em São Paulo e não pensa em parar. “Eu odeio rotina e, por isso, faço coisas que gosto”, destacou.


A independência também sempre se fez presente na vida de Bárbara Nogueira, 40 anos. Desde os 18 ingressou oficialmente no mercado de trabalho e aos 21 se casou. No relacionamento, era ela quem custeava as próprias despesas. Cinco anos depois, Bárbara engravidou e, quando a criança tinha 2, se separou. Criou o filho sozinha até os 10 anos quando compartilhou a guarda com o consenso do pai.
Depois de romper o relacionamento, Bárbara investiu em uma vida nos Estados Unidos. Com o filho, trabalhou de faxineira, garçonete e babá. Permaneceu fora por três anos. Em 2008, mãe e filho voltaram a morar no Brasil. Bárbara abriu uma franquia de uma loja de doces e salgados refinados, trabalhou na Câmara dos Deputados, e, hoje, é empreendedora com uma marca online de fitness esportivo e dedicada ao esporte Crossfit.
Ela sente que uma presença masculina poderia fazer diferença, mas isso não afeta. “Faz parte do instinto humano, ao meu ver, a presença de um companheiro, mas só. Hoje me vejo completamente independente em todos os aspectos, pois o que eu ainda não sei fazer, eu me viro e aprendo.”
Mariane Rodrigues
Sob supervisão da professora Isa Stacciarini