Em meio à crise política, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, defendeu ontem (quinta, dia 10), que a instituição somente poderia agir de acordo com a legalidade constitucional, mas tem uma compreensão a respeito dos pedidos por intervenção dos militares no poder. “Quando vejo pessoas proclamando a volta dos militares, eu interpreto que elas buscam os valores que as Forças Armadas encarnam. Isso infelizmente está carente na sociedade”, disse. Ele esteve na apresentação de viaturas lançadoras de foguetes na cidade de Formosa (GO), a 80 quilômetros de Brasília. Também presente no evento, o ministro da Defesa, Aldo Rebello, ouviu reclamações do general.
“Estamos preocupados com as condições financeiras de atender compromissos firmados pelo Exército, como a operação Pipa (abastecimento de água a quatro milhões de pessoas no Nordeste) e com a própria Olimpíada de 2016”. A preocupação surgiu, segundo Villas Boas, por conta da perda de flexibilidade orçamentária para o próximo ano e pela atenção total do Exército estar voltada para o combate do mosquito Aedes Egypt, vetor do Zika Vírus e da dengue. “Uma força armada tem que ter uma dupla configuração, a de defesa da pátria e a de atender às demandas da sociedade e população”, defendeu.
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Sem dinheiro
Diante das preocupações do comandante, o ministro da Defesa garantiu que vai defender todos os recursos necessários à manutenção dos projetos essenciais e estratégicos das Forças Armadas. “O programa PAC na área de defesa testemunha nosso esforço em propiciar as forças armadas o projeto essencial à manutenção para o cumprimento da sua função”.
Aldo ainda salientou que os grupos militares responsáveis pelas Olimpíadas Rio 2016 estarão à altura do desafio de proteger o evento e a população brasileira. “Em todos os episódios como Copa do Mundo, Rio +20 e a vinda do Papa ao Brasil fizemos um esforço para garantir segurança das delegações, comissões técnicas, jornalistas envolvidos nos eventos e das autoridades. Estamos aperfeiçoando aquilo que já realizamos anteriormente para essa Olimpíada”.
Foguetes
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Com o intuito de ampliar a capacidade operacional e modernizar o poder bélico nacional, o Exército brasileiro recebeu nesta quarta-feira (10) no 6º Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes e Campo de Instrução do Exército Brasileiro (6º GLMF), em Formosa, nove viaturas, sendo seis lançadoras múltiplas universal (LMU), e três remuniciadoras (RMD).
O coronel comandante de artilharia Alexandre de Almeida Melniski explicou que o maquinário antigo recebeu, da empresa AviBras [responsável pela modernização dos equipamentos], material tecnológico para ser mais efetivo e fazer os trabalhos com mais rapidez e perfeição. “ A modernização contempla 38 viaturas e objetiva colocar as antigas no mesmo patamar de funcionalidade e operacionalidade das MK-6 [Viaturas com a eletrônica de software e com tecnologia mais recente que existe para esse sistema de armamento, dados segundo Sami Youssef Hassuani, presidente da AviBras].
O General Villas Boas disse que o maquinário recebido tem componente tecnológico intenso, mas não deixou de lado a possibilidade do processo não ir para frente por conta dos problemas orçamentários. “Os equipamentos vêm fortalecer a capacidade de dissuasão e num patamar elevado num quadro bastante restrito de países com essa capacidade, mas nos preocupamos com o risco real de descontinuação do projeto pela não definição de orçamento para o próximo ano, infelizmente”, complementou.
A tecnologia embarcada nos equipamentos ASTROS é 100% desenvolvida no Brasil e o lote total será entregue em alguns anos, segundo o Presidente da AviBras Sami Youssef Hassuani. “Toda parte mecânica e hidráulica foi revisada e reconstruída. A parte eletrônica é totalmente nova, detém de tecnologia GPS, tiro digital, comando controle C2i na última versão do exército brasileiro”, explicou. As viaturas são da década de 80 e foram atualizadas.
Por João Victor Bachilli, Lucas Valença e Sérgio Luiz