Para o fim da corrupção, não adianta apenas acusar governantes, disse a ex-ministra Marina Silva, nesta terça-feira, em Brasília. “Não é culpar a Dilma”, afirmou. Sobre as supostas irregularidades financeiras no governo, Marina frisou que um dos maiores desafios do país é reconhecer as responsabilidades dos cidadãos. “Elegemos alguém para nos representar e não para nos substituir. Estamos saindo de um partido dirigido para um ativismo autoral”, afirmou. Segundo Marina Silva, o Brasil vive um momento traumático e delicado em relação às questões políticas e econômicas, e dificilmente este quadro vai mudar enquanto a base da crise – valores – não for solucionada.

Marina Silva ressaltou que a base todas as crises – crise política, cultural, econômica, humanitária, civilizatória -, que é a crise profunda de valores, é composta pelo sistema ético, que dá suporte a nossa vida social. “O sistema ético de circunstância que nos leva a acabar com recursos que durariam milênios para resultados para apenas décadas”, explicou.
A ex-ministra fez esta e outras declarações na manhã desta terça-feira (29) durante a palestra “Os Desafios do Desenvolvimento Sustentável”, abordando temas como meio ambiente, política e crise social. Silva acredita que a gestão atual não pratica uma evolução sustentável. “O atual modelo é insustentável. Não apenas na visão ambiental, mas em questões políticas, sociais, culturais, entre outras”, afirmou.
A ambientalista mostrou grande preocupação com as condições do Brasil e do mundo em relação às questões do desenvolvimento sustentável. Para Silva, o mais importante é lembrar que para esse crescimento é necessário uma conscientização conjunta, não apenas em uma só área. “Quando falamos sobre desenvolvimento sustentável, não falamos apenas sobre o lado ambiental, mas sim um modelo de desenvolvimento. Não se pode pensar apenas em uma base”, disse.
“Ao me perguntarem se sou direita ou esquerda, prefiro me rotular como um ser sustentável”. Com mais de 30 anos como militante ambiental, é dessa forma que Silva se autodenomina, uma “eterna combatente” a favor da conscientização ambiental. Duas vezes candidata à Presidência da República e experiente na área política, Silva caracterizou o momento como uma crise civilizatória, onde o problema pode ser combatido nas diversas vertentes, mas as questões ecológicas podem ser fatais. “Vivemos uma crise de valores. Nós podemos resolver a crise econômica, podemos resolver a crise social, mas a crise ambiental, se não for resolvida, é muito mais perigosa do que as outras”.

Marina Silva encerrou a palestra debatendo sobre o ideal do ter versus o ser. “Fomos tomados pelo juízo do ter, e isso prejudica o ideal do ser. Há limites para o ter, e o planeta está dizendo isso”, afirmou. A ambientalista ainda falou que aproximadamente dois bilhões de pessoas ainda passam fome não por falta de técnica, e sim por falta de ética. “Cada um dever ter sua responsabilidade”, afirmou.

Por Daniella Bazzi, Felipe Oliveira e Laylla Neponucemo