O Secretário Geral do Congresso Brasileiro de Cinema, Norlan Silva, criticou, nesta semana, em Brasília, a distribuição do recurso do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), cujo valor supera R$ 1,2 bilhão. Segundo entende o diretor, a verba não chega à maioria dos realizadores nacionais, mesmo que represente mais de 70% dos recursos para cinema. Silva explicou que as produtoras de menor orçamento não participam do investimento.
O fundo não fornece dinheiro para as realizações, comercializações ou distribuições. Como investimento, ele funciona mais como um “empréstimo”. Existe uma expectativa de que haja retorno para o recurso aplicado. De acordo com Silva, as produções no Brasil podem levar entre dois e cinco anos para serem finalizadas. Na data de lançamento, os juros cresceram 25% em cima do valor providenciado pelo FSA.
Ele explica que a cobrança sai direto do lucro em bilheteria. “Os primeiros 20% de renda do filme vão para o FSA e a participação dele no retorno dura até 7 anos após a primeira exibição” explicou o diretor. Com base em um investimento de R$ 100 mil, a produtora teria que retornar R$ 125 mil por conta dos juros. Segundo acredita, apenas produtoras que conseguem grandes sucessos comerciais podem dar esse retorno. Silva disse que o FSA não é voltado para a maioria das produções nacionais.
Norlan explica que um quarto das bilheterias de filmes financiados pelo fundo vai para as produtoras que os realizaram. O retorno, porém, acontece, na prática, para filmes cujas rendas ultrapassam uma média baseada nos maiores sucessos que recebem o investimento num mesmo ano. Um exemplo é o filme “O Candidato Honesto”, maior sucesso comercial brasileiro de 2014. “Com mais de 3 milhões de público, ele deve ter rendido um quarto de R$ 30 milhões (cerca de R$ 7,5 milhões) para a produtora se considerarmos o ingresso a R$ 10” afirmou Silva. Sob essas regras, o realizador de menor investimento tem dificuldades para participar.
Por Vinícius Brandão