Manifestantes contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se reuniram, na manhã desta quinta-feira (12), em frente ao palácio do Planalto para acompanhar o discurso da chefe de estado afastada. No Senado Federal, a oposição alcançou 55 votos, mais do que o suficiente para retirar a petista do cargo. O vice-presidente Michel Temer ocupa a função de forma interina até a segunda votação na câmara alta. Em menos de três décadas a democracia brasileira vivenciou um segundo processo de impeachment de um presidente eleito.
O deputado Paulo Teixeira (PT/SP) afirma ter acontecido um golpe de Estado no país, onde o vice-presidente Michel Temer, “conspirou” contra a presidente Dilma Rousseff afastada na manhã de hoje (12). “O Michel Temer dentro do governo da Dilma trabalhou para derrubá-la, ele usurpou os votos de 54 milhões de pessoas. Esse é o pior método da política e fere a democracia”. Para o deputado, Temer pretende retirar direitos conquistados nos últimos anos. “Nós precisamos resistir a essa ofensiva contra a sociedade e contra os direitos dos trabalhadores”.
Para o deputado Afonso Florence está consumado no âmbito parlamentar um golpe branco de estado. Ele critica o novo presidente Temer e diz ser um governo ilegítimo e sem o apoio popular. “A oposição não vai ser do PT, vai ser de uma consciência democrática brasileira que vai enfrentar um governo ilegítimo, sem voto. Não reconhecemos esse governo e a sua pauta retrógrada não vai ser aprovada”.
O parlamentar se diz confiante no retorno da presidente Dilma Rousseff e acredita que com as medidas que serão implementadas pelo novo governo os votos no Congresso irão mudar. “No Senado a vantagem dos golpistas foi de apenas 2 votos. Quando a votação for para o mérito, a Dilma volta”, afirma.
Maurício Martins faz parte do movimento LGBT de Brasília-DF e estava presente na manifestação. Segundo o militante, o país vive a maior investigação criminal e a presidente Dilma “nunca” foi citada em delação, nem provado nada contra ela. Ele também acredita que o novo chefe de estado irá retroceder nos direitos das minorias. “Já era de se esperar a falta de mulheres nos ministérios. O Temer vai ser um presidente elitizado, machista”.
As pedaladas fiscais não são motivos para ensejar o processo de impeachment de um presidente eleito, é o que acredita Maurício. “As pedaladas fiscais acontecem em todos os governos. Porém no governo Dilma foi reposto cada centavo. A pedalada fiscal para justificar impeachment, não existe”.
Outro lado
Para repercutir as opiniões dos parlamentares, a reportagem entrou em contato com os senadores Valdir Raupp (PMDB/RO) e o senador José Maranhão (PMDB/ PB), mas não obtivemos retorno até o momento da publicação.
A reportagem entrou em contato com a senadora Marta Suplicy (PMDB/SP), mas após a identificação do jornalista a ligação foi interrompida. O repórter também enviou um e-mail que não teve respostas até a publicação da matéria.
*A presidente Dilma Rousseff foi afastada da presidência por até 180 dias.
Por: Lucas Valença
Colaboração: George Ribeiro e Victor Fuzeira
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR