“Qual o impacto de uma notícia falsa nas eleições?”. A primeira mesa redonda da 5.ª edição do EnCUCA trouxe o impacto da política no campo da psicologia.
A pesquisa do professor João Gabriel Modesto sobre fake news mostrou uma forte conexão com todo o período eleitoral de 2022.
Uma das conclusões do trabalho foi que ambos os apoiadores dos dois candidatos à presidência, Lula (PT) e Bolsonaro (PL), utilizaram da desinformação como instrumento de combate.
Defendido por Gabriela de Miranda, o artigo reconheceu o papel das fake news e em qual lado político foi mais utilizado nas eleições deste ano.
Não só isso, mas exerceu uma função importante ao dar transparência a alguns dados escondidos. Exemplo: 60% das pessoas que votaram no candidato da PL se informaram, em grande maioria, pelo aplicativo WhatsApp.
Conclusão
Para o estudo ficar pronto, muita leitura foi envolvida. Além disso, precisou de um ano de pesquisa. Depois disso, a mestranda finalmente pôde defender o seu posicionamento.
“As fake news são notícias não verdadeiras. No meio político, a disseminação delas se transformou numa manobra muito perigosa, conseguindo moldar o comportamento dos brasileiros e acirrar ainda mais a polarização política no país”, revela.
Perguntado sobre o objetivo das notícias falsas no governo atual, Gabriela diz que Bolsonaro usou as fake news durante os últimos períodos eleitorais, especialmente em 2018.
Inclusive, os seus apoiadores foram os que mais acreditaram em uma manchete não verídica. Ela somente pôde tirar essa conclusão como uma verdade, porque foi apresentado na amostra em que montou. Mais de 200 pessoas foram questionadas se acreditavam ou não na notícia.
“Bolsonaro é uma figura muito antiga na política brasileira e foi ganhando espaço cada vez mais, devido aos acontecimentos políticos que vinham ocorrendo no país”, anota.
Ela ainda traz outros argumentos. “Ele se apropriou de bandeiras (como a da”anticorrupção” e “antissistema”) numa época em que os brasileiros estavam indignados e desacreditados com o cenário político do Brasil. Bolsonaro fez uso, e continua fazendo, das fake news. Entretanto, acredito que sua densidade eleitoral vai um pouco além dessas questões”, reflete.
Tipos de farsas
No artigo, foram investigados cinco tipos de fake news (conteúdo enganoso; falso contexto; conteúdo impostor; conteúdo manipulado e conteúdo fabricado). “A gente optou por não incluir notícias de falsa conexão em função da operacionalização da pesquisa. A paródia também não foi utilizada por entendermos que não se trata propriamente de uma fake news política”, aponta.
Dessa forma, ela alega que a ideia de querer estudar sobre veio, pois ela sempre se interessou por política e durante a pandemia fez uma matéria na graduação de Psicologia Política. Agora, tem outras ideias futuras para essa pesquisa, inclusive, é replicar o estudo, investigando diferentes tipos de fake news e como eles se manifestam entre pessoas de direita e esquerda.
Sobre o evento
Viabilizado pela Diretoria Acadêmica e pela Assessoria de Pós-Graduação do CEUB, o EnCUCA traz a missão de reunir, anualmente, o Simpósio Internacional de Pesquisa e o Encontro de Iniciação Científica.
Temas como covid, política pública e análise de decisões judiciais estarão presentes. Para aqueles que não poderão comparecer presencialmente, a transmissão ao vivo será uma solução.
As áreas de maior interesse por parte dos alunos foram medicina, direito, psicologia e arquitetura e urbanismo.
Serão mais de 130 compromissos, mas não somente de apresentações orais desses projetos (PIC). O evento também contará com mesa redonda para debates, oficinas e palestras.
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