Combate às notícias falsas é desafio para as eleições de 2018

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Quase todos os pré-candidatos a presidência já foram alvos de fake news, que são informações falsas que circulam na internet como se fossem notíciasSegundo o cientista político Bruno Cezar Pereira, os principais fatores responsáveis pela criação de terreno para a disseminação das fake news são a assimetria de informações e a crescente velocidade da divulgação de informações nas redes sociais. As informações chegam como avalanches para os usuários, que precisam investir tempo e esforço para verificar sua veracidade, precisando então confiar nas fontes que apresentam esses conteúdos.

Segundo levantamento da revista Veja em janeiro de 2018, Lula e Michel Temer são os dois maiores alvos de fake news na internet brasileira dentro da atual conjuntura política, com respectivamente 116 e 77 citações em 12000 publicações de doze páginas do Facebook conhecidas por publicar conteúdo falso. O levantamento também dividiu o viés das notícias em “positivo” ou “negativo” para a reputação do candidato. Jair Bolsonaro foi proporcionalmente o alvo do maior número de notícias falsas de viés “positivo”, e Jean Wyllys o que mais foi atingido por publicações de teor “negativo”.

O Rede, partido de Marina Silva, também demonstrou preocupação em relação às fake news. O partido procura por voluntários que possam dissipar a versão “verdadeira” das falsas notícias relacionadas a Marina. A provável candidata escreveu em um artigo seu posicionamento contra as fake news.

Fenômeno global

As fake news não são um problema apenas para as eleições brasileiras, mas trata-se de um fenômeno global. Nas eleições americanas de 2016, tanto Donald Trump quanto Hillary Clinton foram alvos de notícias falsas. Com destaque para os rumores de que o candidato republicano seria aliado do presidente russo Vladimir Putin e para os rumores de que a candidata democrata tentou fraudar o resultado das eleições. As eleições francesas de 2017 também contaram com a participação das fake news direcionadas principalmente aos candidatos Emmanuel Macron e Marine Le Pen.

As Organizações das Nações Unidas (ONU) se pronunciaram sobre as fake news com uma declaração do relator especial David Kaye, que dizia que as fakes news eram uma preocupação global e que todo esforço feito para combatê-las levariam à censura. Segundo ele, há o risco de aplicação de medidas contrárias aos direitos humanos como supressões de abordagens e pensamentos críticos.

Entre as principais ferramentas utilizadas para combater as fake news,estão as agências de Fact Checking. Estas são equipes especializadas na averiguação da veracidade dos fatos e discursos que são usados nos veículos de informações, evitando sua dispersão. Surgiram em 1991 para fornecer dados precisos durante as eleições estadunidenses do mesmo ano.

Esforços nacionais

Em pesquisas realizadas pela Associação dos Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo (AEPPSP), com base nos estudos realizados por um grupo da Universidade de São Paulo, foi possível identificar os maiores sites de notícias brasileiras que disseminam falsas informações, conteúdos não averiguados e até mesmo boatos que estão presentes nas redes sociais, as chamadas notícias características da “pós-verdade”.

Foram utilizados os critérios do “Monitor do Debate Político no Meio Digital”. Idealizada e criada por pesquisadores da USP, essa ferramenta tem como função conferir os compartilhamentos, dando assim a dimensão do alcance de fake news no Brasil. No geral, são notícias sem autoria, que se dissipam principalmente dentro do Facebook e  por correntes no Whatsapp.

A propagação de fake news fez com que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), juntamente com Exército e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), criasse um conjunto de medidas para facilitar a identificação das falsas notícias. Segundo o TSE, em reunião com jornalistas no último dia 8 de fevereiro, o combate às fake news durante as eleições deverá contar com o auxílio da imprensa, que ficará responsável por divulgar as informações jornalísticas em veículos confiáveis.

O objetivo do TSE, da ABIN e Polícia Federal é preparar uma força-tarefa para combater a disseminação das fake news e o objetivo é evitar ao máximo o impacto negativo de mentiras na época das eleições.

Confira abaixo algumas dicas de como identificar uma notícia falsa:

Por Beatriz Raeder, Lucas Mayon, Sofia Brandolff e Vitória Milet

Sob supervisão de Katrine Boaventura e Luiz Claudio Ferreira

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