Refúgio de cachoeiras, animais, flora abundante e composta por oito municípios, a Chapada dos Veadeiros chama a atenção pelo turismo ecológico e pela sua natureza exuberante, mas há quem diga que também é um ótimo lugar para morar fora da temporada.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros recebe em média 80 mil visitantes por ano. Desses, muitos decidem não voltar para as cidades. Seja procurando o contato com a natureza, sair da cidade grande, busca pelo misticismo ou pela tranquilidade, a chapada atrai várias pessoas, principalmente de estados e municípios próximos.
Cachoeira, arte e política
O jovem Augusto Schneider é brasiliense e morou em Alto Paraíso, a cidade mais conhecida da região. De acordo com a prefeitura da cidade, havia em 2021 cerca de 7,5 mil habitantes e situada a mais de 1,2 mil metros do nível do mar. Augusto se mudou durante a pandemia atrás de mais liberdade e segurança. “Eu fiquei meses sem ter contato com outras pessoas por causa da pandemia, mas eu conseguia pegar uma bike e ir para ciclovia. Conseguia pegar um rio sozinho, pegar uma cachoeira, então foi um escape, foi muito bom para mim.”
Augusto trabalhou em um restaurante nos primeiros meses na cidade e diz que foi essencial para conhecer as pessoas da cidade. Comunicativo, ele diz que a adaptação foi tranquila e brinca: “Me adaptei melhor lá do que nos meus 28 anos em Brasília.” Junto ao trabalho no restaurante, ele estudou desenho e abriu um estúdio de tatuagem em casa. “Comecei minha carreira de tatuador lá no meio da pandemia, foi um pouco estranho, foi bem parado no começo mas depois amigos e pessoas que eu conhecia foram movimentando.”
No fim de 2021 Augusto voltou para Brasília, mas diz que a experiência morando na chapada foi única. “Desfrutei muito do ecoturismo, um ecoturismo mais alternativo, o das pessoas que moram lá, mais tranquilo.”
Cachoeira é sobrenome
Conhecida como a “savana com a flora mais biodiversa do planeta” o cerrado é um dos maiores biomas do Brasil e do mundo, a sua preservação deve andar lado a lado com o turismo. A guia Liz Leone nasceu em Formosa (GO), mas logo nos primeiros dias foi para a chapada, passou a vida toda em contato com a natureza, morou um ano em Brasília para estudar em 2010 e voltou logo depois. Ela ainda morou em Goiânia (GO) e Campo Grande (MS) para estudar.
Em 2016, Liz fincou de vez a vida na região turística e trabalha como guia desde então. “A gente vive meio que no contra fluxo, quando as pessoas estão trabalhando a gente está de folga. Não temos uma rotina, geralmente no final de semana e feriado a gente trabalha bastante e dia de semana a gente folga. É uma bolha mesmo fora do sistema.”
A ligação com a chapada é desde criança. “Eu sempre aproveito as cachoeiras, tanto no trabalho quanto nos dias que eu estou de folga. Eu gosto muito então para mim não faz sentido morar em um lugar como este e não desfrutar disso.”
Por Helena Dornelas
Supervisão de Isa Stacciarini