Com a aproximação da Copa do Mundo da FIFA 2014, a herança material e imaterial que o megaevento esportivo pode deixar para o Brasil ainda está indefinida. O Brasil pode pender para muitos lados, desde instalações fantasmas até obras de mobilidade e infraestrutura que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população que vive nas 12 cidades que vão sediar os jogos de futebol em 2014. O legado de megaeventos esportivos foi discutido em dois momentos durante o XI Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), que se encerra hoje (3 de outubro), aqui em Brasília (DF).
O professor Paulo Henrique Azevedo, em palestra, enfatizou que deixar um legado já não é importante. “O que importa é que o legado seja sustentável”, disse ele, para mostrar que a herança precisa ser permanente e sem prejudicar as gerações futuras. Paulo Azevedo disse ainda que a manutenção das instalações pós-evento também dever ser considerada na hora de pensar no tipo e na qualidade da herança que megaeventos deixam no país-sede. Além dos legados materiais, Paulo falou sobre o legado imaterial do conhecimento que o país ganha uma vez que profissionais no mercado de trabalho adquirem expertise e qualificação nas áreas em que atuam.
Legados materiais como centros olímpicos, estádios e centros de treinamento vão permanecer depois da Copa e das Olimpíadas. Resta saber se serão transformados em fantasmas ou se serão transformados em benefícios para a população. Para o jornalista João Victor Moretti, o Brasil precisa evitar o exemplo dos chineses ao sediar as Olimpíadas em 2008. “A Olimpíada de Pequim ocorreu com uma grandiosidade nunca antes vista, mas que não deixou legado nenhum para a população, apenas enormes instalações esportivas, que seguem com pouquíssimo uso e geram gastos enormes com manutenção”, escreve Moretti em seu artigo Para que lado vai o legado da Copa FIFA 2014? O artigo está no livro Jornalismo Esportivo: perfil dos talk shows esportivos na televisão brasileira, lançado durante o XI Congresso do UniCEUB.
Moretti entende que o Brasil também está apresentando gastos exorbitantes como a Grécia nos Jogos Olímpicos de 2000. “Os gastos foram tão elevados que acabaram se tornando um fator agravador da situação econômica instável que o país atravessa até hoje, sem conseguir recuperar o fôlego após o rombo deixando pela organização dos jogos”, escreve o jornalista. Pelo lado positivo, Moretti acredita que o Brasil possa deixar legados como o dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, com revitalização de áreas degradadas em bairros na cidade de Londres, e também como os de Barcelona nas Olimpíadas de 1992, que deixou obras de mobilidade, infraestrutura e revitalização que perduram até os dias atuais e que beneficiam diretamente a população e ainda torna a cidade uma referência e um polo turístico.
O Brasil vive a Era Esportiva que começou com os jogos Pan e Parapan-Americanos em 2007, no Rio de Janeiro. De lá para cá, o país já sediou os Jogos Mundiais Militares em 2011, os X-Games em 2013, considerados as Olimpíadas dos Esportes Radicais, e inúmeras etapas de campeonatos mundiais de basquete, vôlei, surfe dentre outras modalidades. Esse ano, sediamos a Copa das Confederações, em 2014 será a vez da Copa do Mundo da FIFA e em 2016 as Olimpíadas.
Por Mônica Prado – Agência de Notícias UniCEUB
Com colaboração de Julia Azambuja, Ana Louise Viriato e Adriano Nunes