Lula e Bolsonaro vão para o segundo turno na disputa pelo Planalto

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© REUTERS/Mariana Greif/Tomaz Silva/Agência Brasil/Direitos reservados

Quatro pontos percentuais. Essa foi a diferença entre os dois candidatos que foram para o segundo turno das eleições presidenciais. Por volta das 21h25, com mais de 96% das urnas apuradas, foi definido que Jair Messias Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguem concorrendo a cadeira da presidência da República, cujo segundo será no dia 30 de outubro. Os números, até o fechamento desse texto, eram de 43,7% e 47,85%, respectivamente.

Nesta disputa acirrada, os estados que deram mais votos para o candidato do PT foram os localizados na região Nordeste, enquanto os demais deram mais votos para o seu concorrente. A votação reflete a disputa polarizada entre presidente, que colheu bons resultados de aliados, e ex-presidente.

No caso de Lula, este fracassou na busca pelo voto útil. Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) tinham, até à divulgação dos resultados, 4,22% dos votos válidos e 3,06%, respectivamente. Com esse resultado, a campanha eleitoral será reordenada e, provavelmente, as provocações e alfinetadas vistos no último debate presidencial da TV Globo na quinta-feira (29) poderão ganhar novos episódios.

Se tratando de Bolsonaro, provavelmente sua arma continue sendo a utilizada até aqui e a tendência é que ele apostará suas cartas sobre o eleitorado de menor renda e da chamada classe média baixa. Bolsonaro reinventou o Bolsa Família criado no governo Lula, passou a chamá-lo de ‘Auxílio Brasil’ e o reajustou para R$600. Além disso, o candidato do PL promoveu uma série de benesses pontuais a categorias aliadas, como os caminhoneiros, e interveio na política de preços da Petrobras para conseguir uma série de reduções no valor dos combustíveis. Além destes, ele permanecerá de olho nos eleitores mais conservadores centristas que aderiram a ele em nome do antipetismo e da antipolítica que prevaleceram em 2018.

Na campanha de Bolsonaro, o núcleo político ainda não montou uma estratégia para abrir o segundo turno. Uma frente que vem ganhando espaço no QG bolsonarista é a do questionamento, inclusive judicial, das pesquisas eleitorais. No entanto, o problema para Jair Bolsonaro é a sua rejeição. Esta, por sua vez, sempre esteve acima de 51% desde que o Datafolha começou a medir esta corrida, em maio do ano passado. Na pesquisa divulgada no sábado (1º), estava em 52%.

Seu concorrente, contudo, também lida com uma rejeição significativa, na casa dos 40%. Lula ficou 580 dias na cadeia, e há ressentimentos que podem aparecer na forma de conflitos. Seu desafio, desta forma, será ser mais objetivo e preciso no que diz respeito ao que tem fugido durante toda a campanha: o que de fato irá fazer em termos econômicos e na relação com o Judiciário.

A campanha do petista já prepara um evento em São Paulo com senadores eleitos e governadores que avançarem ao 2º turno. Aqui, são aguardados presidentes dos partidos aliados e parlamentares que obtiverem votações expressivas da aliança que inclui PT, Rede, PSOL, PSB, Solidariedade, Avante, PROS e PCdoB em todo o Brasil. Lula também indicou a abertura das negociações para atrair eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes, terceiro e quarto mais bem votados, e suas respectivas siglas.

Mais pessoas votando

A abstenção, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi maior que em 2018, 20.89%. Já os votos brancos ficaram na casa dos 1,60% e os nulos ficaram em 2,71%, menores que nas últimas eleições. Isto pode ter sido reflexo da polarização ocasionada por essas eleições, que fez mais cidadãos quererem participar da escolha.

“Quero agradecer ao povo brasileiro por esse gesto de generosidade. Há 4 anos atrás eu havia sido ‘jogado fora’ do mundo político”, declarou Lula no seu discurso em São Paulo. “Tenho mais 30 dias para fazer campanha. E vai ser a primeira chance de fazer um debate ‘tete a tete’ com o presidente da república. A luta continua até a vitória final”, acrescentou. Ele nunca venceu uma eleição em primeiro turno, todas as vezes que foi eleito, chegou ao cargo através do 2°.

Como funciona o processo de apuração?

Após quase 3 horas de apuração, o Brasil pôde conhecer os dois candidatos que vão disputar o segundo turno da eleição presidencial. Mas, afinal, como acontece esse processo?

Após o horário da votação ser encerrado, as urnas são abertas e é emitido um boletim de urna (BU) com todos os votos registrados em cada equipamento. Na sequência, as urnas são lacradas e levadas por um funcionário da Justiça Eleitoral sob escolta da Polícia Militar.

Depois desse processo, os boletins de cada urna são coletados e mantidos na Memória do Resultado, que funciona como um cartão de memória dentro da urna. Por se tratar de um equipamento sem conexão com a internet, esses dados só conseguem ser lidos em um canal exclusivo e protegido pela Justiça Eleitoral chamado de Registro Digital de Voto (RDV).

Só então começa a ser feita a soma dos votos de todas as urnas eletrônicas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de cada um dos estados. No caso da disputa presidencial, esse dado é enviado para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que totaliza os votos e divulga o resultado em tempo real para que assim o povo brasileiro possa conhecer o candidato que passará a representar a autoridade suprema do Estado pelos próximos 4 anos.

**Texto de Mayra Dias e André Cardim

Supervisão de Vivaldo de Sousa

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