Ora remando, ora usando o motor em um pequeno barco… O arquiteto Odilon Gheller, de 37 anos de idade, e o primo dele, Matheus, de 47, foram responsáveis pelo salvamento de mais de 40 animais na cidade de Canoas, durante as enchentes no Rio Grande do Sul.
Odilon avalia que o resgate de animais ajudou a lidar com a perda e a destruição à sua volta.
Ideais
A ideia de salvar animais surgiu depois que se viram em segurança na casa de familiares. O barco e o motor eram emprestados. Mas a fé e o sonho de ajudar eram deles. Os sentimentos fizeram com que os dois passassem cerca de 15 dias realizando resgates na região.
“A gente tinha muitas limitações, o barco era pequeno, a gente não sabia pilotar e passava por vários lugares de difícil acesso, mas mesmo assim conseguimos resgatar mais de 40 animais”, orgulha-se o arquiteto.
Angústia
Vítima da destruição causada pela água no bairro Mathias Velho, em Canoas, Odilon Gheller jamais achou que veria sua casa submersa pela água do rio Guaíba.
“Isso nunca tinha acontecido, nem perto disso. Tu vê sua casa com 20 cm de água e tu não acha que vai chegar a meio metro, mas chega a meio metro”.
“Tu não acredita que vai chegar a um metro, mas chega a um metro, tu acha que não vai chegar a dois metros, mas chega a dois metros e assim vai. A água invadiu o segundo pavimento da minha casa”
Rapidez
Na madrugada do dia 3 e 4 de maio, Odilon foi forçado a deixar a casa em que morava com sua mãe, a irmã, a sobrinha e mais três cachorros.
O arquiteto, que foi resgatado de jet-ski, relembra que houve rapidez da água e a força das enchentes.
“Já tinha inundado uns três metros de altura da minha rua e foi quando eu percebi que a água ia chegar sim no segundo andar, o jet-ski que me resgatou passou por cima das grades do portão da minha casa. Pra ter uma ideia da dimensão que tavam as coisas”
“Aquela altura, muitas pessoas já tinham saído de suas casas e daí a gente pensou, vamos resgatar bicho. Resgatamos muitos cachorros, todo cachorro que a gente achava na rua a gente pegava”
Odilon, que ajudou ainda com a distribuição de doações, diz que os resgates foram feitos com muito carinho. “Eu costumo dizer que foi uma terapia no meio do caos. Tu sabe que a situação é dramática então para atenuar um pouquinho, sentir um pouquinho de alegria, vieram esses resgates. Eles vieram trazendo algo muito positivo no meio desse caos.
Leia mais sobre solidariedade no Rio Grande do Sul
Por Juliana Sousa
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira