O pastor Silas Malafaia, que se envolveu em polêmica nesta semana com o jornalista Ricardo Boechat, foi aplaudido, na quinta (25) por deputados da bancada evangélica e outros presentes na sessão da Câmara dos Deputados que discutiu o projeto de lei do Estatuto da Família.
O deputado Anderson Ferreira (PR-PE), que presidia a mesa, declarou que o pastor tem sido uma referência na defesa da família. Em discurso Malafaia defendeu o projeto de lei de forma enfática. “Democracia é isso, discussão de ideias e opiniões diferentes para enriquecer o debate”. Ele criticou a ausência de parlamentares defensores da causa LGBT. “Eu respeito os contrários. Cadê o resto?(parlamentares)”.
Sobre a polêmica com o jornalista Ricardo Boechat, em que os dois trocaram ofensas após acusação de que os religiosos teriam responsabilidade no preconceito a religiões de matriz afro, o pastor foi breve. “É um jornalista inescrupuloso. Usou a rádio para atacar a religião evangélica”
Malafaia discordou da decisão que reconheceu a união estável a casais homoafetivos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “O Supremo não legisla coisa alguma. Isso é uma afronta ao parlamento”. Ele relata de forma literal o artigo 226 da Constituição. “O artigo é bem claro, se reconhece como família a união entre homem e mulher. Querem reconhecer como família dois homem e duas mulheres, terá de mudar a Constituição”. O órgão de cúpula do Judiciário no ano de 2011, entendeu que o conceito de família descrito no artigo 226 da Constituição seria no sentido “amplo”, sendo mediado princípios. Permitiu assim, a união estável de casais homoafetivos.
Causa gay
Além do pastor, a audiência teve a presença do militante Toni Reis, defensor das causas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Trangêneros). Pai de três filhos, Toni Reis, que vive há 25 anos uma relação homoafetiva, defendeu a luta pela defesa do conceito de família já reconhecido pela suprema corte. “Nós queremos colocar um ‘S’, deveria ser ‘estatudo das família(s)’ e não este que está em discussão”. O palestrante acredita no respeito a família tradicional mas esclarece a existência de outras concepções de famílias.
Para Toni Reis o estado é laico e projetos como o ‘estatuto da família’ precisam ser baseados na Constituição não podendo ter uma influência religiosa direta. “Várias pessoas podem até se basear em algum livro religioso, mas aqui no Congresso as leis precisam ser baseadas nas normas constitucionais. Caso contrário teremos uma teocracia”, acredita. Segundo Reis, o respeito é essencial em uma democracia. “O que nós queremos é respeito. Precisamos respeitar, mas também ser respeitados. Nós queremos famílias baseadas no amor”.
A deputada Érika Kokay (PT-DF) denuncia a postura do parlamento. “ O estatuto da família (PL 6583/13) é nitidamente homofóbico. Visa excluir as famílias homoafetivas. Busca construir uma posição para se contrapor à decisão do Supremo”. Lucas Siqueira, militante do grupo Dignidade, alega ser um tema muito “polêmico”. “Eu vejo que a fala de muitos deputados impressionam. Dizem não ser preconceituosos, mas excluem os outros tipos de famílias existentes. Em um estado democrático forte, existe respeito às ‘maiorias’ e às ‘minorias’. Nenhuma está acima da outra”.
Por Lucas Valença