O jornalista e professor André Trigueiro, durante o Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (V CBJA), ressaltou que os temas relativos à sustentabilidade e as consequências do aceleramento da economia devem ser relacionados também à saúde pública. Ele defendeu que o tema meio ambiente deve ser prioridade na política. “No mundo perfeito não precisa ter editoria de meio ambiente nem Ministério do Meio Ambiente. Enquanto o tema for assunto de uma pasta estamos perdidos”, analisou.
O desenvolvimento da economia é tratado com mais importância do que as questões ambientais que cercam as consequências do aceleramento deste setor. Tudo que pode ser feito para o estímulo à economia não é feito com dois pesos e duas medidas, é apenas feito para o crescimento do país.
É preciso levar em consideração o fator das mudanças climáticas, que acaba acarretando nas mudanças de outros setores. Hoje é questionável a construção das três maiores hidrelétricas do país. O projeto inicial precisa ser mudado para fazer sentido no cenário atual, que muda com frequência devido a fatores climáticos.
Economia
O setor automotivo é um dos setores que mais cresce economicamente no Brasil. O colapso da mobilidade urbana, mais a redução da taxa de IPI é um estimulo para o aumento na compra e consumo de carros, o que aumenta poluição. “Estamos andando para trás”, lamentou.
A quantidade de carros que andam apenas com um único passageiro é maioria nas cidades do país. Brasília e Curitiba são duas cidades planejadas e relativamente novas, que enfrentam engarrafamentos colossais diariamente, exemplificou.
A capital do país é uma cidade que o transporte público não funciona. “Moradores do Distrito Federal contam com a sorte de motoristas “educados”, ônibus que não quebre e a dependência de um transporte público de péssima qualidade”.
Para ele, se a lógica do transporte coletivo público de Brasília acontecesse em São Paulo, a cidade pararia e boa parte da economia do país estaria sob alerta.
Saneamento básico
Trigueiro lembrou que o Brasil está atrasado com o saneamento. “Somos 200 milhões de brasileiros e por dia 3,5 mil esgotos in natura são lançados nos corpos hídricos. Dos 40% de rede coletora, 47% recebe algum tipo de tratamento. Esses números são de países africanos médios”.
Com esses indicadores, ele entende que o Brasi está permitindo que apareça no país educação de subcidadãos, acarretando uma perda expressiva da capacidade de aprendizado, retenção de informação e memória para o resto da vida.”É uma tragédia silenciosa e oculta”.
O país tem que investir em educação de qualidade para todos, pois as pessoas que não tem acesso a uma boa educação e um tratamento básico de esgoto, não largam no mesmo parâmetro de outras pessoas em condições de saúde melhores.
Por Elisa Whately – Agência de Notícias UniCEUB