Ultrapassar o sinal vermelho. Não parar na faixa de pedestre. Usar o celular ao volante. Beber e dirigir. Essas são apenas algumas condutas que podem ser fatais no trânsito. De todos os vilões do trânsito, o álcool ainda é o principal responsável pelas infrações registradas. Das 5.256 autuações até final de maio deste ano, 1830 pessoas dirigiam sob a influência de bebida alcóolica. Mais: 3407 motoristas se recusaram a se submeter ao bafômetro (leia mais sobre infrações no quadro abaixo).
Recentemente, ocorrências chamaram a atenção do brasiliense em relação ao trânsito. Um vendedor de lanches foi atropelado no Eixo Monumental por um motorista embriagado na madrugada do dia 21/05, que foi liberado no mesmo dia após pagar fiança de R$ 8 mil. Já na tarde de 22/05, no Sudoeste, um motociclista foi morto e outra ficou ferida após serem atingidos por um carro. Um idoso foi atropelado na faixa de pedestre na W3 Sul (sentido Esplanada) na noite do dia 25/05.
Neste último caso, estamos falando de Antônio da Maia, 74 anos. A Agência de Notícias UniCEUB conversou com a filha de Antônio, Neuma Maia. Ela conta que recebeu a notícia através do irmão e que, devido ao choque, não conseguiu comparecer ao local do acidente. “Testemunhas que estavam na parada disseram que o veículo era um HB20 preto, em alta velocidade, com faróis apagados e ultrapassou o sinal vermelho”, relembra. Antônio, segundo a filha, era uma pessoa muito ativa e independente . “Sempre o negócio dele era caminhar, atravessa na faixa, tudo certinho. Por isso que fica mais difícil pra gente entrar o ocorrido na cabeça”.
Após 15 dias do acidente, Neuma tem apenas um desejo: “Justiça!”. A irmã de Neuma está acompanhando as investigações. “Ela quem está sempre indo a delegacia conversar com o investigador”. Neuma diz que estão tentando obter imagens de câmeras próximas ao local do acidente e da via W3. “Todo mundo quer ajudar, mas a gente tá deixando mais o pessoal da delegacia resolver, porque a gente fica com medo de atrapalhar”, explica.
Doloso ou culposo?
O professor especialista em direito penal Marlon Barreto explica a diferença entre homicídio culposo e doloso. Quando o acidente ocorre em situação em que o motorista estava alcoolizado ou utilizando aparelho móvel, o caso pode ser determinado como dolo indireto, em que “o indivíduo não quer aquele resultado quando começa a praticar a conduta”, mas reconhece o ocorrido. Assista a entrevista para saber mais:
Detran
O atual diretor de policiamento e fiscalização de trânsito do DF, Silvain Fonseca, afirma que há atitudes específicas às quais devemos estar atento para diminuir acidente: controle de velocidade, consumo de álcool, uso de celular, a questão do motociclista e o uso do cinto que reduz risco de feridos e mortos. “A gente tende a pensar muito só no motorista, mas tem também a questão do ciclista e do pedestre, por exemplo, que podem estar alcoolizado também”, explica.
O diretor compartilha ainda que em 2015 o trabalho do Detran juntamente com o Instituto Médico Legal (IML) averiguou que das 122 mortes (39% do total) por acidente de trânsito em 2015, as vítimas: 72 ingeriram álcool, 11 utilizaram cocaína, nove pessoas utilizaram algum outro entorpecente ou droga e oito haviam utilizado maconha. “Alguns casos não foi possível fazer a autópsia por conta de uso de medicamentos, como morfina, assim que foi pro hospital”, explica.
Por Daniella Bazzi
Arte: Camilla Campos
Imagem: Pixabay
Supervisão: Luiz Claudio Ferreira