Amor pela dança: competições de quadrilhas são atrações nas férias de julho

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Após dois anos de pandemia, um dos períodos mais aguardados pelos brasilienses está de volta: as festas juninas. Tradição no ‘Quadrado’, a época de São João é marcada pelas músicas, comidas típicas, fogueiras e é claro, as apresentações de quadrilhas, que são a alma da cultura junina em Brasília.

Para quem é amigo dos palcos, descobrir que os preparativos para as apresentações e competições juninas foi difícil. “A princípio nossa primeira reação foi de surpresa. Não esperávamos que teríamos que parar com os ensaios, até porque, nunca havíamos parado por nada”, relata o Pablo Ruan, o noivo da quadrilha Espalha Brasa.

Pablo conta que apesar da tristeza em saber que os encontros presenciais teriam que parar, a quadrilha resolveu que continuaria com o trabalho de forma remota. “Com a Covid nós nos resguardamos, mas não paramos em momento algum. Aproveitamos esse período para estudar melhor sobre o movimento junino, os temas, a roupa, as coreografias, tudo para que quando voltássemos, pudéssemos dar nosso melhor e é o que nós vamos fazer neste ano”, afirma.

A quadrilha Espalha Brasa foi fundada em 2010 e segue mantendo a tradição. Foto: Quadrilha Espalha Brasa/Divulgação

Assim que a vacinação avançou e os eventos em Brasília foram liberados, a Espalha Brasa não perdeu tempo: os ensaios e preparativos para as apresentações e competições começaram a todo vapor.

“Nós estávamos com saudades dos palcos, dos arraiás, das pessoas assistindo as apresentações com aquele brilho no olhar e daquela sensação boa que dá nas competições”, conta o noivo do grupo animado. Este ano, o grupo que representa o Paranoá é uma das 28 equipes que participam da 22° edição do Circuito de Quadrilhas Juninas do DF.

Dedicação e amor ao São João

O último ganhador da Competição Nacional de Quadrilhas foi o coletivo brasiliense Si Bobiá a Gente Pimba. O grupo que surgiu na Samambaia Sul, completou 30 anos este ano e venceu as últimas duas edições do Circuito no DF.

Mesmo em meio a pandemia, a bicampeã do Grupo Especial continuou trabalhando para trazer o São João para os “quarentenados”. O fundador e coordenador da quadrilha, Lucas Martins, conta que seguindo os protocolos, decidiram optar pelo trabalho social, criando o projeto “São João por Amor”.

“No primeiro ano de pandemia a gente reduziu o grupo ao extremo, apenas com algumas pessoas e realizando ações voltadas para a arrecadação. Nós conseguimos arrecadar no primeiro uma tonelada e meia de verduras e mil litros de leite, que juntos entregamos para as famílias necessitadas e também para membros do grupo”, explica.

O coletivo também faz parte da parcela de artistas que resolveram utilizar a internet e as redes sociais a seu favor, mantendo apresentações online. Segundo Martins, para evitar aglomerações, a quadrilha resolveu escolher pessoas da mesma família para formar os casais para as danças.

“Conseguimos fazer seis casais com duas famílias, então passamos a trabalhar com esse número. Tudo isso, sempre focando em fazer o social e realizar as arrecadações”, relata.

A quadrilha de Samambaia Sul completa 30 anos este ano. Foto: Si Bobia a Gente Pimba/Divulgação

Em 2021, o grupo acreditou que já seria possível voltar aos arraiás, mas as perdas de familiares dos membros e aumento dos casos contrariou as expectativas. “Nós começamos a trabalhar com um tema nessa época, mas vimos a dificuldade de trazer o grupo para estar junto, então preferimos manter o trabalho que fizemos em 2020”, conta Martins.

Ainda que a pandemia trouxesse os obstáculos, os quadrilheiros da Si Bobia se mantiveram firmes e decidiram criar um cronograma a curto, médio e longo prazo. Onde, segundo o coordenador do grupo, começaram com a manutenção da quadrilha através das reuniões e ensaios online, além da visitação aos membros e apoio aos que passaram por necessidades.

“A médio prazo, fomos trabalhando com possíveis temas, criando projetos para que, quando voltasse [os eventos] a gente pudesse ter onde começar. E a longo prazo foi quando a gente percebeu, acompanhando os estudos, as reportagens e artigos com a possível volta dos eventos em 2022 pudemos voltar de forma organizada e segura. Então quando voltou lá pra fevereiro e março, o grupo já tinha um tema, o figurino projetado, toda uma organização para essa volta”, explica Martins.

O grupo se manteve firme na dança mesmo durante a pandemia. Foto: Si Bobiá a Gente Pimba/Divulgação

Martins reconhece que em particular para o Si Bobia, a volta foi tranquila por conta da organização, mas que infelizmente, nem todos os grupos tiveram o mesmo sucesso. “Isso nos preocupa muito, porque a cultura das quadrilhas juninas já tem dificuldades sem a pandemia, imagina com tudo o que aconteceu. Muitas pessoas têm dificuldade em voltar para as apresentações por questões financeiras, familiares, alguns acabaram ‘bebendo de outra fonte’ para conseguir renda, então tem sido difícil voltar após a flexibilização.”

Apesar das dificuldades, o grupo afirma que já estão de volta. No dia 6 de junho, a Si Bobiá se apresentou no Paranoá na primeira etapa das apresentações do Grupo Especial, tentando garantir um espaço entre as ganhadoras pelo terceiro ano consecutivo.

“É um trabalho árduo mas estamos conseguindo. Já fizemos nossas primeiras apresentações, estamos participando do Circuito de Quadrilhas do DF e estamos tendo êxito na nossa volta”, afirma.

Competições em julho

A volta das festas juninas em Brasília também traz a volta das tradicionais competições de quadrilhas juninas. Este ano, a 22° edição do Circuito de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal vai de maio até julho e estará em busca da quadrilha vencedora que vai representar o DF na competição nacional

O Circuito de Quadrilhas é dividido em quatro etapas, para alcançar a maior quantidade de público e participação da comunidade. As 28 equipes são divididas em dois grupos: Grupo Especial e Grupo de Acesso, cada um com 14 equipes.

Os três primeiros classificados no Grupo de Acesso garantem a vaga para o Grupo Especial no ano seguinte. Já os Grupos Especiais disputam para escolher o grande vencedor que irá representar Brasília na Competição Nacional de Quadrilhas.

A próxima etapa da categoria de Grupo Especial será nos dias 9 e 10 de julho, no Estacionamento da Castelo Forte, em Samambaia.

Confira o cronograma do Circuito de Quadrilhas Juninas do DF: 

Horários: Sábados a partir das 19h e Domingos a partir das 18h

O que vem por aí

3ª ETAPA – “ARRASTA PÉ”

02 e 03 de julho: Grupo de Acesso – São Sebastião – Estacionamento Externo do Parque de Exposição

09 e 10 de julho: Grupo Especial – Samambaia – Quadra 302 Conjunto 8 – Estacionamento da Castelo Forte;

4ª ETAPA – “ZÉ PEREIRA”

16 e 17 de julho: Grupo de Acesso – Cruzeiro – Estacionamento da Feira Permanente do Cruzeiro

23 e 24 de julho: Grupo Especial – Taguatinga – Taguaparque – Arimateia

 

Por Maria Clara Andrade

Supervisão de Gilberto Costa

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