A seca no Distrito Federal deve continuar até o início de setembro, de acordo com previsão do Instituto Nacional de Meteorologia do DF (Inmet). Até lá, as queimadas em áreas de cerrado mobilizam equipes de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros. As principais regiões de alerta são os setores rurais de Planaltina e Brazlândia. O chefe de Operações do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, major Ronaldo Medeiros de Lima, explica que em 90% dos casos as queimadas acontecem pela ação do homem. Apesar do monitoramento dos militares, a expectativa da corporação é que neste ano a área atingida pelo fogo seja menor se comparado a 2014.
Em relação ao ano passado, o número de ocorrências é menor. Até julho do ano passado, foram 792 casos contra 628 no mesmo período deste ano. No entanto, a partir de agosto a previsão do Corpo de Bombeiros é de que o número pode crescer. Mesmo com o aumento, Lima acredita que a área queimada diminua se comparada a 2014, que foi de 743,4 hectares.
Culpa do homem
De acordo com o major, o fogo é utilizado de forma incorreta em atividades como queima de lixo e limpeza de terreno. Segundo ele, muitas das vezes perde-se o controle das chamas e o fogo se alastra. A principal atividade para a diminuição de casos este ano foi a realização de um trabalho de prevenção de combate ao incêndio florestal junto à população rural. Além disso, militares ensinaram aos moradores das regiões como confeccionar os próprios abafadores para serem usados em casos de princípio de incêndio.
Para auxiliar a conscientização da população, o Corpo de Bombeiros iniciou, em março deste ano, a operação Verde Vivo. A ação tem o objetivo de levar conhecimento aos habitantes das regiões onde ocorrem casos de incêndio. O projeto envolve cerca de 180 militares efetivos e existe há 10 anos. “Esse plano foi iniciado ainda no período das chuvas por acreditamos que a prevenção é o melhor caminho para a diminuição no número de ocorrências”, considera.
Incêndios de grande proporção no DF
Para calcular a possibilidade de um incêndio em determinada região, especialistas utilizam um índice estatístico chamado Nesterov. O programa analisa as condições de umidade, temperatura e vento. Quando inicia o período crítico da seca, os índices se agravam em todo o DF, mas as áreas mais atingidas são as que possuem setores rurais.
No DF, um dos incêndios de maior proporção foi em 2011 na Estação Ecológica Águas Emendadas. Na última terça-feira (28/07) houve uma ocorrência de médio porte em Brazlândia. O combate ao fogo demorou 16 horas.
Segundo o comandante do Grupamento de Proteção Ambiental, tenente coronel Gláuber Martins, a ação dos raios e a queima de objetos são uma das causas para os focos de incêndio. De acordo com ele, a primeira atitude quando se identifica uma queimada é ligar para o telefone de emergência do Corpo de Bombeiros, o 193. Se a proporção do fogo ainda for pequena, é possível tentar controlar com água de mangueira ou em baldes.
Até a tarde desta quarta-feira (29/07), militares do Grupamento de Proteção Ambiental do DF estavam concentrados no combate ao incêndio que atingiu a região do Altiplano Leste, próximo ao Lago Sul. O local é de difícil acesso e a equipe utiliza avião e helicóptero para extinguir as chamas.
Período de seca
De acordo com o chefe da Previsão do Tempo do Inmet, Luiz Cavalcanti, o período de seca no DF começa na segunda quinzena de maio e dura até os primeiros 15 dias do mês de setembro. É uma época em que há diminuição na quantidade de chuva. Quando acontecem, as precipitações não elevam a umidade relativa do ar da forma desejada, o que favorece a ocorrência de fogo em grande escala.
A tendência, segundo o Inmet, é que o período deste ano seja semelhante ao ano passado, quando foi registrado índices de umidade em torno dos 30% em agosto caindo até 15% no mesmo mês.
Por Laylla Nepomuceno
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Arte: Camila Fernanda