
Quem vive à beira de uma das vias mais movimentadas de Brasília, já não se incomoda mais com o constante barulho dos carros. O maior problema é a locomoção dos pedestres, que enfrentam calçadas esburacadas e a falta de estrutura adequada, principalmente para cadeirantes. A atleta paralímpica Adriele, de 19 anos, de atletismo e basquete, conta que já sentiu muita dificuldade em alguns trechos da avenida W3 sul. Ela, que para chegar ao treino passa todos os dias pela avenida, sabe muito bem o que é sentir na pele a negligência com a via da capital.
“Têm muitas calçadas que são bem curtas e, a maioria das vezes, não tem rampa, não tem como subir, é bem complicado para cadeirantes e idosos andarem, porque a calçada mesmo é bem alta. Precisa melhorar. Ainda têm muitos buracos nas calçadas e até na pista, até para o carro andar já é difícil. Ainda existe a dificuldade de pegar ônibus, uma vez que as paradas não são preparadas para cadeirantes e uma vez ou outra o ônibus passa reto e não para.”
O cadeirante José Roberto Mendes que estava de passagem pela W3 Sul comenta que foi difícil a locomoção. “Pelo pouco que eu ando aqui, a acessibilidade é péssima, as calçadas quebradas, têm lugares que não dá para passar, mas já esteve pior, aos poucos vai melhorando. Têm lugares que não é possível andar sozinho, só com um acompanhante, tem parada de ônibus que não tem rampa, só meio fio. Ainda tem muito que melhorar na W3.”

Segundo a Administração de Brasília, a Secretaria de Cultura trabalha neste momento na revitalização do Espaço Cultural Renato Russo na 508 Sul, local que historicamente manteve a W3 como centro de fruição cultural de Brasília. A proposta da pasta é trabalhar um novo modelo de gestão para este equipamento cultural, de modo que contribua para um trabalho continuado que manterá o local sempre em atividade com oficinas, Biblioteca de Artes, mostras de cinema, exposições de artes visuais e espetáculos de teatro e música. Além disso, a Secretaria de Cultura acabou de reformar a Biblioteca Pública de Brasília, na 312/512 Sul, que em 30 dias deverá estar em pleno funcionamento.
A revitalização do Espaço Cultural Renato Russo trará vida de volta para a W3 Sul, que no momento passa por uma crise de identidade. Grande movimentação de pessoas, muitas lojas de comércio e muito movimento nas largas calçadas na avenida, não existem mais. O que vemos agora são faixas de lojas com placas de aluguel, poucas pessoas nas ruas, o movimento é somente nas paradas de ônibus, principalmente perto de escolas e bancos que se mantém no local.
A Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (Segeth), tem um projeto de padronização de calçadas para a W3 e W2, tendo como piloto as quadras 511 e 512 Sul e afirmou que em breve irá disponibilizar este padrão para que os responsáveis pelos imóveis façam as adequações das calçadas nestes espaços. Já a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) informam que há um processo licitatório em andamento de contratação das obras para construção de calçadas em todo o Distrito Federal.
Atualmente, o processo está em análise no TCDF. Assim que houver autorização do Tribunal, a Novacap poderá dar continuidade ao certame. O investimento total deverá ser de R$ 54 milhões, a serem aplicados durante esta gestão, conforme as prioridades e a disponibilidade de recursos. A assinatura dos contratos dos 14 lotes constantes da licitação vai garantir, em um primeiro momento, a execução de obras prioritárias e urgentes em diversas regiões administrativas do Distrito Federal.
por Frederico Beck
sob supervisão de Luiz Cláudio Ferreira