No último domingo de cada mês, estudantes brasilienses se reúnem na Praça do Museu da República para uma disputa que envolve música e criatividade: a Batalha das Gurias (BDG). O evento tem como objetivo a inclusão de mulheres em um ambiente majoritariamente masculino. Surgiu em Agosto de 2013 e foi apoiado por alguns dos organizadores da Batalha do Museu, um movimento de rap misto.
Segundo a estudante de Psicologia da UnB e participante do evento, Júlia Ricci, 19 anos, uma das melhores partes é a oportunidade de se conectar com outras garotas, formando uma comunidade de suporte mútuo dentro e fora das batalhas. Além disso, ela conta que é um ambiente em que as mulheres se sentem confortáveis o suficiente para se livrarem do nervosismo e se expressarem como quiserem, o que proporciona uma experiência de autoconhecimento, princípio básico da BDG.
O evento visa a inclusão: tanto do rap como forma de expressão cultural, quanto das meninas como parte ativa desse movimento, a batalha tenta atrair o maior número de público e participantes possíveis. A função social se baseia no empoderamento, lhes dando mais liberdade e incentivo para sentirem que elas, assim como os homens, são capazes de serem rappers, ideia que é sustentada pela organizadora do evento, a estudante de Letras da UnB, que se identificou com o nome artístico de Amorin, 22 anos, “A batalha das gurias encoraja as minas a botarem as caras, a rimarem sem medo e a terem um espaço de libertação.”
Ainda de acordo com Ricci, às vezes há uma má interpretação sobre a intenção da batalha, pois algumas pessoas acreditam que as mulheres querem usar o movimento feminista para “levar vantagem” em relação aos homens, apesar de a BDG não se “rotular” feminista, uma vez que há uma pluralidade de participantes e ideias. Na época em que a BDG foi criada, o preconceito com as garotas era maior e os comentários maldosos eram mais evidentes. Desde então, mais espaço foi conquistado e a presença feminina ainda causa espanto nos eventos mistos, mas não de uma forma inteiramente negativa.
Para participar, as interessadas devem se inscrever no dia, antes de começar a batalha. A organizadora Amorin explica que a batalha é em estilo livre e cada MC tem a oportunidade de abordar qualquer assunto que se sinta confortável, principalmente causas sociais e feministas. As garotas afirmam que é muito fácil se integrar ao grupo e as novatas não devem ter medo da reação do público. De acordo com Júlia, os comentários maldosos contribuem para o crescimento e evolução das garotas, pois eles são apenas “degraus da nossa escada”.
Por Elisa Costa e Isabella Cavalcante
Fotos: Iris Aisha