Brasilienses escolhem educação e saúde como necessidades principais no próximo governo

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Há pouco mais de um mês da realização das eleições 2018, 59% dos eleitores ainda não escolheram o representante a presidente ou sinalizam que podem votar nulo. O resultado é de uma pesquisa que aconteceu de forma espontânea e entrevistou 2 mil pessoas em todo país. Conforme o estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 28% do público não tem candidato pré-definido, enquanto 31% apontam que podem votar em branco.

Os índices analisados refletem o descontentamento popular com a política do país. Esse fato tem relação com escândalos de corrupção e a precária assistência governamental, que vão ao encontro do desenvolvimento do Brasil. De acordo com a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, 45% do eleitorado está pessimista com a votação deste ano. Entretanto, 70% considera que o resultado das urnas pode ser crucial para a melhora da situação do país.

A mudança da classe é necessária

A professora aposentada Sílvia Ferreira Brandão Nunes, 56 anos, pertence a esse grupo de eleitores indecisos. Segundo a moradora do Guará I, o atual cenário político gera insegurança aos cidadãos brasileiros. Para ela, a classe mais pobre é a principal afetada. “A vida da população em geral piorou, principalmente a da mais carente. A saúde pública é um exemplo disso. Muitas pessoas poderiam estar vivas, mas acabam morrendo nas filas dos hospitais por falta de um atendimento digno. Por isso, não vejo melhora”, lamenta.

Durante o período eleitoral, Sílvia analisa os candidatos tendo como base o histórico de cada elegível. Ela afirma que não se prende às propostas apresentadas. “Não vejo muito o que eles (candidatos) falam durante a campanha, até porque a gente sabe que boa parte daquilo não será realizado. A concretização das promessas é baixa”, observa.

Além disso, a professora se mostra favorável à uma possível renovação do Poder Executivo. “A mudança da classe é necessária. Esse pessoal mais antigo já mostrou a que veio. Por isso, é o momento de ceder o lugar para que uma nova geração de políticos assuma o poder. E o povo tem a esperança que seja diferente. Que o Congresso seja renovado, pois a população está cansada de tantos escândalos de corrupção”, acrescenta.

Educação como base para desenvolvimento da nação

Embora não tenha candidato definido, o estudante Pedro Lopes de Carvalho Lima, 21 anos, entende que as demandas voltadas para o ensino devem ser a prioridade neste momento de insatisfação popular. “A educação é a base para o desenvolvimento da nação e precisa ser valorizada. A partir do momento que o povo é alfabetizado, as pessoas conseguem decidir melhor quais representantes que de fato têm interesse em fortalecer o coletivo, sem colocar o particular à frente”, declara.

A escolha do presidenciável está mais acirrada que nos anos anteriores. A repetição de concorrentes e ideais desmotivam os cidadãos a exercer o direito de votar. A respeito da facultatividade do voto, Pedro considera que a obrigatoriedade influencia no resultado da votação. “Parte do eleitorado elege pessoas de forma impulsiva, pois não concorda com o plano de governo de outros concorrentes”, finaliza.

Saúde em primeiro plano no DF

Para Ingrid Helena da Silva Souza, 20 anos e estudante de direito, os investimentos em saúde devem ser primordiais no Distrito Federal. Para ela, os hospitais públicos da capital do Brasil “são de dar pavor”. No âmbito nacional, a universitária  acredita que investir em educação é o caminho para a mudança. “Enquanto os governos não tratarem essa questão como prioridade, o nosso país, infelizmente, continuará na mesmice.” Apesar de ter alguns candidatos em mente, ela afirma que não decidiu para quem dará o seu voto nas eleições de 2018.

Com relação a renovação do cenário político brasileiro, a futura advogada foi categórica. “Enquanto continuarmos a eleger corruptos que criam os filhos também corruptos, nunca teremos uma sociedade equilibrada”, conta.

Ingrid julga que a renovação não acontece pelo fato de os brasileiros serem avessos às mudanças em geral, mas acredita que com novos candidatos pode se ter uma nova política. “As eleições são o anseio de toda a sociedade depositando uma confiança imensa nos representantes que pactuam correr atrás dos mesmos interesses.”

Descrença

Maria Aparecida Silva, moradora da cidade de Taguatinga há mais de 40 anos, não acredita em uma mudança na política, tanto no Distrito Federal, quanto no Brasil. Aos 80 anos e tendo passado por todos os presidentes eleitos após o regime militar, a aposentada classifica o atual cenário político como péssimo. “Eles não estão fazendo nada e tudo só piora.”

Com a instauração do voto facultativo para pessoas com mais de 70 anos, ela ainda não sabe se irá às urnas em outubro, mas afirma que se for, já tem os candidatos decididos. Por ter uma idade elevada, a aposentada afirma que não utiliza a internet e analisa os candidatos pela televisão, “Acompanho pelas propagandas eleitorais e pelos debates.”

Assim como a estudante Ingrid, Maria vê a população como “culpada” por não existir uma renovação dos políticos. “São sempre as mesmas pessoas no poder, pois o povo não enxerga o que está acontecendo com o país”, comenta.

Sobre as expectativas para as eleições deste ano, ela não prevê mudança. “Os políticos prometem muita coisa e não fazem nada. A mentira acaba sendo um hábito”, finaliza.

Por João Paulo de Brito e Luiz Fernando Santos

Arte: Messias Dias

Supervisão de Isa Stacciarini e Luiz Cláudio Ferreira

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