A temporada de chuvas é sinônimo de medo para pelo menos 1.800 famílias da Vila São José, em Vicente Pires, a 50 km de Brasília. No morro, onde as casas se sustentam, os moradores se locomovem em ladeiras esburacadas que ficam intransitáveis quando a terra se transforma em lama. Com tantas complicações, a área é uma das mais preocupantes regiões no período da chuva, e foge da realidade que muitos conhecem próximo ao grande centro do Plano Piloto.
A inclinação das ruas e a falta de drenagem das águas pluviais são os grandes causadores da pavimentação esburacada, e quem mora nas partes mais baixas da rua também sofrem com problemas de enchente e alagamento.
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Moradora há 14 anos da Vila, Joelsa Vieira conta que em uma das vezes que choveu na área, a água inundou toda a casa e carregou todos os móveis. E quem ajudou ela, o marido e os filhos foi a comunidade. “Ajuda mesmo que a gente tem aqui, só de Deus”, conta.
Marido de Joelsa, Edemilson Barbosa, construiu uma ponte em cima do córrego para que pudesse ter acesso a casa da filha e netos. Mas reclama da falta de estrutura da cidade. O medo é que o nível do córrego suba até a ponte e destrua tudo aquilo que ele e os filhos fizeram. Além disso, reclama de ser invisível aos olhos do governo, mostrando que perto de sua casa nenhum lixo é recolhido, e todas as crianças ficam expostas a inúmeras doenças quando brincam do lado de fora da casa ou até no próprio córrego.
A casa deles, assim como a dos filhos –que são vizinhos-, fica em área imprópria para morar por causa do relevo, dos perigos por causa da água de chuva, por causa do esgoto que desemboca dentro da casa, e da proximidade com o córrego e a área de erosão.
A família comprou o lote e apesar de saberem os riscos, decidiram ficar enquanto o governo não consegue arranjar um lugar melhor para que possam morar. “Eles falam que não vão tirar a gente pra deixar a gente num lugar pior do que aqui”, conta Edemilson.
Falta estudo
Para Cintia Costa da Silva, da Associação dos Moradores da Vicente Pires, é necessário que se faça um estudo geotécnico para fazer uma estrutura definitiva no local, e cuidar da parte da drenagem, e acabar com qualque
r tipo de poluição do solo, para que as famílias que moram ali perto não consumam mais água poluída. “Já temos leis, já temos artigos que dizem que toda a família que estiver nas áreas de APPS, têm o direito a todo benefício que qualquer cidadão tem, mas aqui isso não é cumprido”, completa.
Por Deborah Fortuna, Juliana Braz e Victor Fernandes