Para uns, é meio de transporte. Para outros, exercício. Para muitos, puro lazer. É um dos meios de transporte mais baratos do mercado, tratando-se de modelos convencionais. O uso da bicicleta como meio de transporte, é cada vez mais estimulado e recomendado nos centros urbanos.
De um lado, os usuários a consideram como uma forma de locomoção saudável e econômica, se comparada ao uso de automóveis particulares e transporte coletivo. Do outro lado, o governo com planos de obras e infraestruturas. Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o Brasil é o quinto país que mais compra bicicletas, com cerca de cinco milhões de unidades ao ano.
Pesquisa distrital por amostra de domicílios (PDAD 2015) aponta que 60% da população de Planaltina-DF possui automóvel. A bicicleta é o segundo veículo mais utilizado, 38%. A pesquisa mostra que apenas 1,1% do território da cidade possuí ciclovia. A equipe de reportagem do Jornal Esquina percorreu algumas áreas da cidade.
PDTU
De acordo com dados do próprio Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade (PDTU), a distribuição modal no Distrito Federal é dominada por carros: 39,2% dos deslocamentos são feitos por transporte individual, contra 31,5% em coletivo, 20,7% a pé e apenas 2,3% de bicicleta.
Um levantamento, da ONG Rodas da Paz, mostra que as ciclovias foram construídas em locais onde há os menores índices de acidentes envolvendo ciclistas. Brasília concentra 43,2% da malha e apenas 4% dos acidentes, enquanto Planaltina tem 16% das fatalidades.
Pesquisa 2011-2014
Em 2011, o Distrito Federal tinha pouco mais de 40 km de ciclovias. Até o final de 2014, cerca de 400 km foram adicionados à malha ciclo viária. No Plano Diretor de Transporte Urbano de 2011, foi informado que 2,3% das viagens diárias são feitas por bicicletas, sendo a economia de recursos financeiros o principal motivo da escolha deste veículo como meio de transporte. Dessas viagens, 96,2% ocorrem para fins de mobilidade (trabalho e estudo).
De acordo com o DETRAN-DF, a chance de fatalidade de um acidente envolvendo ciclistas em rodovias é maior do que em vias urbanas. No entanto, dos cerca de 440 km de ciclovias construídas, grande parte se concentra no Plano Piloto, em vias de baixa velocidade e com baixos índices de acidentes.
Campanhas educativas
O DF possui mais de 11 mil km de malha viária, de modo que a quilometragem de ciclovias representa cerca de 3,6% deste total. Logo, significa dizer que o ciclista, para ter direito de se deslocar pela cidade, precisará, em grande parte do tempo, continuar utilizando as ruas. Esta ação requer políticas educativas, além de medidas de moderação de tráfico, redução de limites de velocidade e fiscalização.
Entre 2011 e 2013, o DETRAN utilizou apenas 11,8% do orçamento autorizado para ser gasto com campanhas educativas, e as poucas peças que tratavam da presença da bicicleta no trânsito não foram incisivas o suficiente em seus conteúdos. As ruas podem e devem ser compartilhadas com os ciclistas e cabe ao maior veículo a responsabilidade pela segurança do menor, como garante o Código de Trânsito.
Investimento
Em abril de 2015, o governo do Distrito Federal anunciou que iniciaria obras de pavimentação, sinalização e duplicação de rodovias distritais em seis regiões administrativas, entre elas Planaltina. O investimento seria de R$ 34 milhões, sob a responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Deste valor, estava previsto cinco milhões para a implantação de ciclovias em rodovias. Os moradores afirmam desconhecer a obra. “Não tem ciclovia aqui, precisamos. Não temos onde pedalar, vamos junto com os carros. É perigoso”, afirmou Sebastião morador da cidade.
Código Brasileiro de Trânsito
O Código Brasileiro de Trânsito (CTB) define a bicicleta como veículo. No entanto, circulando pelas ruas de Planaltina verifica-se um vão entre o CTB e a realidade. Em vias principais, ainda não contempladas com ciclovia/ciclo faixa, carros, motos, ônibus e bicicletas competem por espaço.
Por ser veículo, de acordo com o CTB, a bicicleta também tem normas a respeitar. O ciclista não pode andar na calçada, tem o direito e o dever de andar na via e a circulação deve ser feita pelo lado direito.
Fabrício de 14 anos, reclama a falta da ciclovia. “Não tem [ciclovia] aqui. Na maioria das vezes ando [de bicicleta] na calçada, acho mais seguro”, contou.
N.R. A administração de Planaltina afirmou que a cidade não tem ciclovia. E que em relação à pesquisa da Codeplan, devem ter contado com as grandes calçadas, que parecem, mas não seguem o padrão de uma ciclofaixa.
N.R. O DER respondeu que existe ciclovia planejada para contornar a cidade inteira. E que não tem acostamento ciclável, ciclovia, nem em implantação.
Por Larissa Rocha
Imagem: Daniel Lobo