Além da Rocinha e de outras grandes comunidades carentes de Buenos Aires (Argentina) e La Paz (Bolívia); o Sol Nascente, na Ceilândia, cidade satélite de Brasília, é considerada a maior favela da América Latina. E, quando chove, alguns pontos podem trazer risco aos moradores, aumentando as chances de acidentes e alagamentos.
As residências, normalmente construídas em condições impróprias e em terrenos irregulares, constituem uma ameaça às famílias próximas e à comunidade local. Na prevenção aos desastres naturais, inúmeras medidas podem ser adotadas, de natureza estrutural ou não estrutural.
As estruturais podem ser mais eficientes, mas muitas vezes são inviabilizadas pelo seu alto custo, já que se traduzem na execução de obras muitas vezes complexas e de grande porte. Já as medidas não estruturais se referem basicamente ao planejamento e controle do uso do solo, de modo que sejam atribuídos, a cada área, usos compatíveis com suas características físicas (declividade, tipo de solo, configuração da rede hídrica etc.), e às restrições à ocupação.
Para Juarez Barbosa, cozinheiro, que mora no Sol Nascente há 24 anos, a falta de estrutura de saneamento e infraestrutura básica é uma vergonha.
“Não temos coleta seletiva, não temos esgoto, estamos vivendo em um lixão à céu aberto. Quando chove, pessoas podem morrer aqui. E quando não chove, a gente que quer morrer pela situação deplorável do nosso bairro. Estamos abandonados”, desabafou.
Áreas de risco
No Brasil, a Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, proíbe que áreas de risco sejam loteadas para fins urbanos. Apesar disso, muitas vezes o próprio poder público tem levado infraestrutura a essas áreas, contribuindo, assim, para o adensamento da ocupação.
A Secretaria de Estado de Defesa Civil do DF adotou uma metodologia mais completa e abrangente para mapear as áreas de risco, visando, em especial, o período de chuvas, devido aos índices de desastres naturais que põem vidas em risco. Segundo informações da Secretaria, foram constatadas 37 áreas de risco em 16 regiões administrativas do DF. A localização em solo arenoso, argiloso, próximos a encostas ou à beira de rios, ameaçam cerca de 860 casas, onde vivem aproximadamente 3,4 mil pessoas.
O Condomínio Sol Nascente, localizado na Ceilândia, é uma das regiões com maiores índices de áreas de risco, devido à enorme existência de ocupações irregulares e desordenadas. Dados da Secretaria de Defesa Civil revelam que o local é dono de aspectos biológicos, geológicos e geotécnicos que predispõem alta potencialidade para o desenvolvimento de áreas consideradas de risco.
Ameaças
As principais causas de ameaças nas construções civis:
- ocupação irregular do solo;
- falta de sistema de drenagem de águas pluviaisso;
- falta de saneamento básico;
- lixo e entulho;
- esgoto a céu aberto;
- estrutura precária das casas;
- fixação dos telhados das casas inadequada;
- águas servidas são jogadas nas encostas;
- casas próximas a erosão;
- lixos e esgoto jogados em córregos.
A secretaria de obras do Distrito Federal informou que somente no trecho 1 o governo está investindo mais de R$ 41 milhões de reais para pavimentar 48 km de ruas, 20 km de drenagem e mais de 100 km de calçadas.
Com a implantação da drenagem pluvial e execução da pavimentação asfáltica, de uma vez por todas serão superados os problemas de erosão e alagamentos que tantos transtornos causam à população, principalmente, durante o período de chuvas.
Viaduto do medo
O viaduto da QNN 5/7 de Ceilândia foi reaberto, e a via que passa por debaixo foi liberada para o trânsito. A construção estava em obras de drenagem desde janeiro. O local ficou conhecido pelo afogamento de duas pessoas: uma criança de seis anos, em 2013, e de um jovem de 20 anos, em janeiro. A água atingiu três metros de altura.
Em comunicado, a Companhia de Urbanização da Nova Capital (Novacap), responsável pelas obras, assegura que caso haja um novo alagamento no viaduto, o nível da água não passará de 60 centímetros.
De acordo com a companhia, os problemas de alagamento teriam se agravado com a construção do metrô e a instalação de uma tubulação de drenagem que aumentou o volume de águas, saturando a capacidade de escoamento da tubulação instalada no entorno do viaduto.
Por Ronie Lobato