Três carros de som e pelo menos 25 mil pessoas (em 15 de março, foram 50 mil) ocuparam a Esplanada dos Ministérios neste domingo (12) em uma manifestação principalmente contra o governo da presidente Dilma Rousseff. No entanto, parte dos presentes também protestava contra parlamentares. O momento mais tenso do protesto ocorreu em frente ao Congresso Nacional, quando grupos que defendiam o que eles chamavam de “intervenção militar constitucional” foram vaiados e discutiram com os que estavam lá para pedir o impeachment da presidente da República.
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O estranhamento entre os grupos ocorreu desde às 9h quando se concentraram em frente ao Museu Nacional da República, e os dois carros de som estavam próximos. “Eles estão falando muito alto e nos atrapalhando”, disse um manifestante que defendia a intervenção militar. Enquanto esperavam pelo hino nacional, cantaram a “canção da infantaria” (Exército) e o “Cisne Branco” (Marinha). O carro de som foi acompanhado por dezenas de pessoas e foi possível observar ao menos oito faixas pedindo um novo governo militar no Brasil. “Todos os políticos que estão aí não prestam. Nossa constituição dá amparo a um ‘golpe’, aliás a uma “revolução; Precisamos fazer valer os artigos 142 e 144 da Constituição”, disse um puxador no carro de som.
Os artigos mencionados pelos manifestantes, na verdade, não abrem hipótese de uma intervenção militar.
A Constituição trata da garantia da lei e da ordem, por decisão da presidência da República, para emprego de militares em situação de prevenção ou conflito. Em nenhuma hipótese, a carta magna, promulgada em 1988, permite uma ação das forças armadas ou auxiliares em discordância com os poderes constituídos. Leia artigo da constituição.
“Não existe saída menos dolorosa do que a intervenção militar. Eu também sou a favor da democracia. A minoria tem que ficar no seu lugar”, disse o empresário Roberto Iranildo, que segurava uma faixa com a esposa
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Os dois carros de som que vinham logo atrás daquele que pedia a “intervenção militar constitucional” traziam reivindicação do impeachment da presidente Dilma, gritavam principalmente contra o PT e o presidente do TSE, Dias Toffolli, além de faixas sobre autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público.
O segundo momento de estranhamento ocorreu quando os carros voltaram a se encontrar em frente ao Congresso. Manifestantes chegaram a vaiar os pedidos pró-intervenção militar e houve quem discutiu duramente. Mas, segundo a PM, não houve conflitos ou agressões físicas. Ao todo, 2300 policiais fizeram a guarda dos espaços públicos e também tiraram fotos com manifestantes
Limite
Criado por Oscar Niemeyer com o intuito do povo se manifestar perante os poderes da República, a praça dos três poderes foi fechada na manhã desta segunda pela Polícia Militar, impedindo a passagem dos manifestantes, o que causou reclamações dos presentes. Segundos PMs ouvidos, a medida foi tomada para impedir depredação do patrimônio público.
Por Felipe Rocha, Lucas Valença e Luiz Claudio Ferreira
Fotos: Equipe e Agência Brasil