No picadeiro, as luzes são fortes para dar ênfase ao personagem no palco. Maquiados e vestidos com roupas de paetês, eles levam a alegria do circo para o universo de crianças e adolescentes. São palhaços, malabaristas, mágicos, bailarinas e trapezistas que dão vida aos intérpretes circenses. Mas, por trás da montagem que oculta a identidade dos artistas, há profissionais que fazem o espetáculo acontecer. Seja em frente às cortinas ou atrás delas, a equipe se envolve para transmitir ao público mais do que entretenimento: cultura.
No Dia do Circo, comemorado nesta terça-feira (27/3), a Agência de Notícias mostra a trajetória da família Almeida que, natural de Pereira Barreto, vive do espetáculo circense há seis décadas. O neto Wilson Almeida, 61 anos, e o bisneto Jefson Benhur, 18 anos, herdaram a paixão de Ildebrando Almeida. Há 65 anos, o patriarca fundou os circos Vitória e Dubai Circus em Pereira Barreto, interior de São Paulo. Desde então, já viajaram o país inteiro levando as apresentações para outros estados.
Os circenses trabalham conjuntamente e a família também se uniu ao espetáculo. Acrobata e filha de Wilson, Francielly Almeida Mocellin, 29 anos, se apresenta na peça conhecida como “Força Capilar”, número que a artista realiza suspensa pelo cabelo. “O que é interessante na vida de nômade é conhecer vários estados, pois cada um tem uma cultura diferente. Nós acabamos sendo contagiados com um pouco de cada lugar”, afirmou.
Para além das apresentações, a família resgata animais abandonados que encontravam nas viagens. Mas, em vez de se apresentarem, eles são cuidados. Já os leões e chimpanzés foram doados para Organizações Não-Governamentais (ONGs) especializadas em cuidados de animais. “Nós temos animais porque gostamos, mas eles não se apresentam. A gente deixava eles andarem dentro do circo, durante os espetáculos, mas as pessoas acabavam os roubando”, contou Francielly.
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Com as novas tecnologias, o circo precisa se renovar para manter-se em pé. Diante das dificuldades, por mais que alguns deles prefiram manter a tradição, outros aderiram aos bonecos de desenhos animados nas apresentações para atrair mais crianças. “Não temos afinidade com os desenhos que usamos, mas se não fizermos o uso desses objetos, as crianças não se interessam. Começamos a usar bonecos da Peppa, da Galinha Pintadinha, que são desenhos que as crianças gostam”, afirmou.
Desafios
Para a circense Michelle Almeida Mocellin, 35 anos, os maiores desafios são a falta de apoio e a burocracia para a liberação das áreas de instalação. Ela conta que no Distrito Federal, para conseguir se estabelecer, é necessária autorização da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), da Subsecretaria de Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e da administração da respectiva região, além do aval da Vara da Infância e da Juventude (VIJ). “Montar o circo no Distrito Federal tem custos altos, muita burocracia e só tem público nos fins de semana”, contou a circense.
Eventos
Circo Vitória
Eq 23/25, Guará II. Meia entrada: R$ 10. Classificação indicativa livre.
Data das apresentações: até 3 de maio
Dubai Circus
Rua 35 Sul, Águas Claras. Meia entrada: R$ 10. Classificação indicativa livre.
Datas das apresentações: a partir de 6 de abril até 3 de maio
Júlia Fagundes
Maria Júlia Spada
Isabela Péres
Sob supervisão de Isa Stacciarini