A diretora de arte do filme “O último Cine Drive-in”, Maíra Carvalho, premiada no Festival de Cinema de Gramado com um Kikito, tem perspectivas otimistas para o cinema local. Ela acredita que, graças a uma cultura cinematográfica tradicional e aos editais de incentivo fiscal com os mais altos valores do país, a produção de filmes em Brasília aumentou “muito” e deve crescer ainda mais.
De acordo com a diretora de arte, uma política recente de fomento à produção cinematográfica através do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), ligado à ANCINE (Agência Nacional do Cinema) e ao MinC (Ministério da Cultura), no Distrito Federal também destaca Brasília em relação a outros estados do Brasil. “Isso tem feito com que cineastas com tradição em curtas-metragens estejam estreando em longas. Que é o caso do Iberê (Carvalho) com o filme dele, O Último Cine Drive-in”, explicou.
Nova geração
“A gente tem, na verdade, um histórico de produção cinematográfica que não é recente”, disse o professor de comunicação e cinema, Lourenço Cardoso. Ele lembra que vários diretores saíram de Brasília, mas são responsáveis por uma trajetória importante da produção local. O Festival de Cinema de Brasília faz parte desta cultura, conforme acentua, que é um dos festivais mais antigos do país. Agora, Lourenço entende que existe uma nova geração que realiza de forma significativa. Ele cita, além do O Último Cine Drive-in, o filme “Branco Sai, Preto Fica”, de Adirley Queirós e produções de outros diretores que já tiveram mais espaço, como Wladimir Carvalho e o José Eduardo Belmonte.
Gargalo
Apesar do estímulo que auxilia a produção, Maíra entende que existem problemas no mercado cinematográfico nacional. Ela aponta para o que chama de gargalo na distribuição. “A gente produz muito. Produz coisas maravilhosas. E não chegam ao público porque não se sabe que elas existem”, lamenta a realizadora. Ela diz que a cultura de ir ao cinema ou aproveitar cultura não é estimulada no Brasil. Somada a um preconceito com os filmes brasileiros e a um financiamento para muitas produções pequenas sem investimento em distribuição, forma-se o gargalo descrito por Maíra.
Maíra cita como exemplo a situação do filme pelo qual ganhou o prêmio. O Último Cine Drive-in estreou em dez salas do Distrito Federal e já na segunda semana caiu para três. Uma delas é o próprio Cine Drive-in. Nas outras duas, passa em poucos e menos favoráveis horários. Por outro lado, Maíra vê a ironia no fato de que o filme faz muito sucesso nas duas sessões reservadas para ele no cinema que dá nome à obra. De acordo com ela, a conta dos exibidores se dá da seguinte forma: “Se não deu público no fim de semana, sai de cartaz na próxima quinta”.
Por Vinícius Brandão (texto e vídeos)
Foto: Divulgação