Pesquisa que avalia inflação no Distrito Federal revela alta no preço das frutas nacionais. Manga tommy, mamão, melancia e banana prata são as que mais refletiram o aumento.
Com base em cálculos do IBGE, uma pesquisa do governo do Distrito Federal revelou que o índice geral de inflação no Distrito Federal caiu, no entanto, o grupo de frutas sofreu aumento significativo. A reportagem buscou entender os motivos pelos quais determinadas frutas, como mamão (+41,39%) e manga tommy (+35,09%), tiveram alta superior às outras frutas. O índice de preço da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) também fechou o mês de março com alta de 58,1% no mamão havaí e 14,55% na manga tommy, dado que confirma alta da inflação na mesa do brasiliense.
Confira mapa da produção de frutas no DF
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Vendedores do Ceasa relacionam à alta dos preços a crise do combustível. “Se aumenta o diesel, o frete aumenta e o consumidor sente o reflexo”, afirmou Cléber Medeiros, gerente da loja Bonna Frutas. Ele também citou o aumento do dólar como influência. Eles afirmam que a alta foi em toda a área de frutas, inclusive nas importadas, como o kiwi, a ameixa e a uva.
Chuvas
Lucas Pastore reconhece que a maior alta foi do mamão, por conta das chuvas. “Quanto mais chove, mais atrasa a maturação do mamão e encarece” disse em entrevista. O IPCA é realizado com base no Índice de preço da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), que fechou o mês de março com alta de 58,1% no mamão hawai e 14,55% na manga tommy. A análise feita pela Ceagesp prevê diminuição das chuvas a partir de abril por conta do outono e uma diminuição dos preços dos frutos.
A Embrapa divulgou o relatório “Cultivo da Mangueira”, em 2009, sobre a produção de manga no Brasil. De acordo com ele, o período de entressafra da fruta se dá durante o primeiro semestre, quando o preço da manga normalmente aumenta em todo o país.
Lucas Pastore falou, ainda, sobre as dificuldades da variação na venda. “Se antes eu cobrava R$ 2,00 o quilo da manga tommy, agora tenho que cobrar R$2,70.”, disse Lucas. O consumidor não aceita o aumento desses 70 centavos e sobra para o vendedor arcar com a diferença.
Importadas
Bernarda Sousa, secretária administrativa da loja Paraíso das Frutas (CEASA), reclama do aumento e apresenta outro ponto de vista. “Subiu tudo! Essas quatro frutas citadas são mesmo as que mais subiram. E não é problema de clima, nem de safra. Para mim, o problema é só um: PT. Esse governo roubou, roubou e agora a gente paga por isso. Olha o valor do combustível, como pode um país auto-suficiente em petróleo ter o combustível mais caro? É mesmo vergonhoso. “Também sentimos o aumento nas frutas importadas. Kiwi, ameixa e uva entraram muito mais caras no país”, conclui.
Em situações de aumento na inflação, todos sofrem o reflexo na hora de consumir. No entanto, são os distribuidores que precisam administrar a diferença dos preços na hora do trâmite de compra e venda. “A gente percebeu mesmo o aumento. Aqui na loja, a fruta que mais subiu foi o mamão, especialmente por conta das chuva. Quanto mais chove, mais atrasa a maturação do mamão e encarece o produto. Mas o aumento do combustível também influenciou demais. O frete ficou muito mais caro e o distribuidor arca com o prejuízo”, alega Lucas Pastore, gerente da loja Perboni (CEASA). Ele explica como este cálculo é feito e o preço é alterado. “Se antes eu cobrava R$2 o quilo da manga tommy, agora tenho que cobrar R$2,70, por exemplo. Nisso, eu não consigo negociar esses R$0,70 imediatamente com meu comprador e me resta arcar com parte do prejuízo.”
O chefe de Estatística da Cesta das Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa), Fernando Santos, alegou que a elevação nos preços se deu por conta do “veranico e intensidade das chuvas no mês anterior”. No entanto, os distribuidores dividem opinião com relação à colocação. “Sim, sem dúvidas (aumentou). O clima também pode influenciar, mas neste momento o que mais causou impacto nos preços foi o aumento do combustível. Se aumenta o combustível, o frete aumenta e o consumidor sente o reflexo”, defendeu Cléber Medeiros, gerente da loja Bonna Frutas (CEASA). Quando questionado sobre a região de produção e demais alterações, ele ressaltou que as importações também influenciaram a estatística. “Outras frutas importadas também subiram graças ao aumento do dólar, como uva, maçã e pera trazidas de fora. Todos os tipos de uva tiveram preço elevado”, disse.
Por Vinícius Brandão e Anna Beatriz Cipriano