Enquanto o país esteve ligado nos lances entre Brasil e Croácia, na quinta (12), pacientes que procuraram o principal hospital de referência no Distrito Federal, o Hospital de Base, não tiveram motivos para comemorações. Mesmo com movimento considerado baixo, a repórter da Agência de Notícias UniCEUB testemunhou que houve filas, e com a falta de médicos o atendimento demorou por volta de 2h30.
A dona de casa Dora Maria Araújo, de 62 anos, caiu e machucou o joelho, o que provocou um inchaço na região. Ela foi levada pelos dois filhos para o Hospital de Base por volta das 18h, mas só foi atendida às 20h36 e deveria fazer uma cirurgia no dia seguinte.
Ela estava com uma pulseira amarela, o que, segundo a Secretaria de Saúde, significa “caso de emergência que pode se agravar sem o atendimento médico” e que o tempo de espera máximo deve ser de 1h.
O filho da idosa, Adriano Fernandes, disse que o atendimento normalmente já é demorado, mas em dia de jogo é pior. “No normal os médicos já não atendem. Em dias de jogo, então. Devem estar vendo o jogo”.
O chefe da emergência, que preferiu não se identificar, afirmou que havia apenas um ortopedista no momento do atendimento e que ele estava ocupado na sala cirúrgica e por isso houve o atraso da paciente. “Devido à demanda do box do poli traumatizado às vezes ultrapassa o horário estipulado”.
Outro caso foi o da Carla Geusa da Silva que recebeu alta no início da tarde, mas, como mora sozinha em Santo Antônio do Descoberto e tem dificuldades de locomoção, aguardou nas cadeiras da sala de espera do hospital até as 20h20, quando foi possível fornecer uma ambulância para a moça. Ela almoçou e jantou no Hospital de Base.
A assistente social do Hospital de Base que também disse que o máximo que podia fazer era entrar em contato com a família para que eles a buscassem. Ela também alegou que uma ambulância poderia ter deixado Carla Silva mais cedo na rodoviária, mas a paciente alegou ter dificuldades para pegar ônibus.
Para a assistente, o certo seria o hospital não ter dado alta à Carla Silva enquanto ela não tivesse condição de retornar para casa. A assistente também disse que é comum as pessoas passarem dias no hospital pelo mesmo problema.
Na sala reservada para o atendimento médico do hospital, uma maca estava à disposição dos pacientes que chegassem com dificuldades de esperar em pé ou, até mesmo, sentados. A maca apresentava manchas de sangue já seco na estrutura de ferro na qual se apoia a cabeça.
Segundo informa a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o Hospital de Base de Brasília é uma referência nacional em tratamento médico e recebe mais de 50 pacientes diários. Para o hospital são encaminhados pacientes de várias áreas do Distrito Federal e do entorno.
Por Jade Abreu – Agência de Notícias