Eutanásia não é mais condição para cachorros com leishmaniose, explica veterinário

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Arte: Thais Batista/Agência de Notícias

Quem tem um animal de estimação em casa precisa ficar atento às doenças que afetam cães e gatos. Uma delas é a leishmaniose, que pode levar o companheiro da família a morte. O animalzinho não transmite a doença para o dono, mas a leishmaniose é infecciosa. Significa que o mosquito transmissor pode contaminar uma pessoa depois de picar um cachorro, gato ou outros animais mamíferos que estão infectados. Mas os bichos não apresentam risco de contaminar diretamente o ser-humano.

“O cão não oferece perigo para a família. Esse é um paradigma que temos que quebrar”, ressaltou o médico veterinário Pedro Ilha. “Eutanasiar o cão não diminui o risco de seus donos e respectivos familiares pegar leishmaniose. Não há relação na infecção da doença entre dono e bicho de estimação”, explicou.

Portanto, segundo o médico veterinário, o que de fato evita a transmissão da doença são as medidas de prevenção indicadas (veja vídeo). Isso porque, o mosquito que transmite a leishmaniose se reproduz em matéria orgânica em decomposição, como folhas, frutos, fezes de animais e diversos materiais que contribuem para a umidade do solo.

Segundo o Ministério da Saúde, em 10 anos os casos de Leishmaniose visceral (LV) reduziram em 12% no Brasil, passando de 3.651 casos em 2006 para 3.200 casos em 2016. Porém, essa doença, algumas vezes desconhecida por muitos brasileiros, pode até levar pessoas e animais a morte. Até 2016 não havia medicamento permitido por lei para tratamento de leishmaniose em animais. “Por isso, a eutanásia não era uma opção, mas, sim, uma condição”, explicou o veterinário.

A partir daquele ano, o Ministério da Saúde autorizou o uso do remédio chamado miltefosina, que permitiu o tratamento de animais.  “O método teve eficácia em torno de 70%. Assim, os cães passaram a não mais transmitir a leishmania para o mosquito” explicou Pedro. Isso porque, os animais, quando picados, se tornam hospedeiros da doença durante toda a vida. “Uma vez com leishmaniose, para sempre com leishmaniose”, destacou.

O mosquito

O mosquito transmissor é conhecido popularmente por diversos nomes, alguns deles mosquito-palha e asa-dura. A doença contém dois tipos, que são transmitidas por espécies de mosquitos diferentes: a Leishmaniose Visceral e Leishmaniose Tegumentar. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, quando uma pessoa é infectada e passa a ter Leishmaniose Visceral (LV), alguns sintomas são comuns, como febre com longa duração, aumento do fígado e do baço e perda de peso acentuada. Em contrapartida, quando alguém está infectado com Leishmaniose tegumentar (LT), é provocado úlceras na pele e mucosas.

A Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal (SES-DF), constata que “a leishmaniose, tanto visceral quanto tegumentar, são endêmicas no Distrito Federal e Entorno em expansão geográfica, necessitando da atenção contínua da vigilância epidemiológica”. Conforme os dados da SES-DF, só entre janeiro a março de 2016, 28 casos de Leishmaniose Visceral foram notificados nas regiões administrativas do Distrito Federal, e 10 confirmados. Desses casos confirmados, 40% acontecerem em crianças de 1 a 4 anos de idade e dois morreram.

Leishmaniose e os animais

Os mamíferos sadios são o alvo dos mosquitos transmissores da doença. Eles sofrem consequências, como descamação e lesões na pele, seborréia que não apresenta melhoras e emagrecimento. “A cura parasitológica não existe, apenas a clínica. Então o que podemos fazer, é diminuir o sofrimento do animal, mas não há cura”, ressaltou o veterinário. Por causa disso, a doença se tornou conhecida por levar cães ao processo de eutanásia, em que o animal é sacrificado sem que haja sofrimento. Segundo números da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, no ano de 2016, 2.690 animais foram examinados, 430 confirmados com leishmaniose e 200 eutanasiados no Distrito Federal.

Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

O cachorro de Ana Carolina Assenço, 19 anos, foi vítima da doença e passou pelo processo de eutanásia. Carolina conta que não percebeu que o animal tinha a doença, porque era um cão saudável e assintomático. “Estávamos fazendo exames de rotina nele, quando nosso veterinário notou pequenas inflamações nas bordas das orelhas, parecidas com picadas de inseto. O médico sugeriu que o local dessas picadas fosse puncionado e, então, encontramos pela primeira vez a presença do protozoário”, explicou.

A estudante contou que no período em que Lasanha foi infectado optou por vacinas contra leishmaniose. No entanto, Carolina encontrou dificuldades no tratamento do cachorro. “Quanto maior o cão, mais doses do medicamento são necessárias. Então não foi barato para meu cão que pesa 50 kg” afirmou.

Depois do tratamento, Lasanha melhorou e não apresentou mais sintomas da doença. Porém, após esse período, o cão voltou a ter problemas de saúde e precisou ser sacrificado para não prolongar a dor.

Por Thais Batista

Sob supervisão de Isa Stacciarini

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