Uma cidade em várias gerações. As memórias se misturam. Dos tempos em que não havia luz elétrica às lembranças de uma rua inundada pelos novos comércio.
A região administrativa do Gama foi fundada em 12 de outubro de 1960 (há 62 anos), com o intuito de abrigar as pessoas que vinham de outros estados do Brasil em busca de emprego e que passaram a viver em invasões ou abrigos provisórios devido à construção de Brasília.
“Era bem diferente”
Elvira Sobrinho, aposentada de 76 anos, nasceu na Paraíba e se mudou para o Gama quando tinha 18 anos, cidade em que vive até hoje. Ela relembra momentos marcantes que viveu na região e compara o tempo que chegou com os dias atuais.
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“Não havia casas e era bem diferente do que está hoje. Eu falava que aqui parecia uma “roça”. Também não tinha eletricidade, a gente ainda passava roupa naqueles ferros de brasa. A vida aqui foi muito difícil, não tinha o que se tem hoje. Quase não havia construções, eram mais barracos de tábua mesmo”, conta Elvira.
A vida inteira no Gama
Já Maria Luzia da Silva, aposentada de 68 anos, mora hoje em Santa Maria mas viveu 11 anos no Gama. Maria Luzia saiu de Corrente (PI) no dia 20 de julho de 1980, em busca de trabalho e condição de vida melhor.
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Ela relata que veio para Brasília sem nada mas construiu toda a sua família no Gama. Casou-se e teve 2 filhas que nasceram no hospital regional da região. Depois de 42 anos que se mudou, ela e sua família afirmam que ainda tem grandes sentimentos pela cidade.
“Minha melhor memória aqui do Gama é a brincadeira de rua. Nós nos reuníamos todo final de tarde para brincar de salve latinha, bandeirinha, queimada, bete-pauzinho, esconde-esconde, uma série de brincadeiras que não exigia nenhuma tecnologia ou aparelho” relata Rosângela Elvira, de 50 anos, sobre sua infância.
Ela diz que a região mudou bastante em vários aspectos, mas destaca a diferença entre as brincadeiras de hoje e de quando era criança. Ela relembra um lugar que marcou sua infância, a prainha, lugar turístico da época.
“Havia uma piscina grande, com águas correntes e era um local muito acessível , principalmente para pessoas de baixa renda.”
Rosângela ainda pensa em como hoje em dia, além de as pessoas não terem mais tempo, a própria comunidade e espaço não permitem, tanto devido ao volume de veículos que aumentou durante os anos, quanto aos meios tecnológicos e a violência.
Nesse sentido, Breno Camarô, de 20 anos, considerava brincar na rua algo perigoso. Ele, que é natural de Goiânia, mudou-se para o Gama com seis anos. “Quando eu ia brincar na rua, sempre me falavam para tomar cuidado. Na verdade, até deixavam raramente. Então esse aconselhamento, me fez pensar que a primeira impressão que tive daqui era de um lugar perigoso”, diz ele. Mas ainda assim, traz memórias boas de lugares que passou tempo com seus amigos, como é o caso do “quadradão” na sua rua, o Estádio Bezerrão e o Shopping do Gama.
Memória da família
Lívia Aguiar, de 18 anos, também viaja pela sua infância ao se lembrar de uma sorveteria que costumava ir com seu avô quando ele ainda era vivo. “Esse lugar ficou bastante marcado porque meu avô gostava muito do sorvete de lá”.
Mesmo nas novas gerações, recordações são formadas. Arthur Souza, de 14 anos, afirma o quanto a rua perto de sua casa mudou com o passar dos anos , onde foram construídas várias lojas, o que resultou em um grande comércio. Ele pensa também no quanto gosta do natal em família que acontece todo ano.
Por Milena Dias e Nathália Maciel
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira