Garis reclamam de riscos e falta de direitos. Empresa diz que há treinamento

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Três luvas por mês

Imagine chegar ao trabalho às 15h e atravessar a madrugada. Mas, considere que o serviço inclui “pendurar-se” em caminhões de lixo, saltar com o veículo em movimento, ser desrespeitados nas ruas, receber pouco e aguentar o mau cheiro permanentemente. Esta é a vida de garis. A reportagem da Agência de Notícias UniCEUB acompanhou a rotina de alguns profissionais que atuam na capital do país.

Reginaldo de Jesus Herculano é gari há três anos em uma empresa que presta serviço para o governo local (a Sustentare). Ele mostra desapontamento com os motoristas que trafegam próximos aos caminhões.

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Clique para ampliar. Jornadas longas

“É difícil porque as pessoas acham que queremos ser os donos da rua. Buzinam, tratam com muita falta de respeito. Acham que queremos apenas atrapalhar”.

O profissional José Renato da Conceição que é coletor, mostrou um contracheque de R$ 1.422. Para isso, tem que trabalhar cerca de 14 horas em um único dia. Na cópia do documento, a informação de que ele entrou às 15h50 e saiu às 6h20, cumprindo mais de seis horas extras.

Além dos salários baixos, e das horas extras, ainda, apresentam equipamentos defeituosos. Há luvas rasgadas para exercer o serviço, e só recebem três por mês, de acordo com as fontes ouvidas. Um gari, que preferiu se identificar como “J”, falou que mesmo em épocas de chuva a empresa dá apenas uma bota para trabalharem, e que a capa de chuva é pequena para o tamanho deles e não protege os funcionários em tempestades, além, de não receberem máscaras.

Uma das queixas de outro profissional, que identifica-se como Marcelo, foi de que não têm tempo para almoçar. Tendo que parar o caminhão ligado, pois assim o tacógrafo continua marcando, para poderem se encostar e almoçar as marmitas que trazem, inclusive, mostrou à repórter o almoço, as marmitas, e ocorrido foi por volta das 15h.

luva2O gari Antônio Darlilton Costa e Silva revelou que conhece histórias de outros colegas de trabalham tenham se machucado ao exercer a profissão. “Tem um que o homem perdeu um dedo, o polegar, por causa do container”. Além desse caso, em setembro, foi divulgado, pelo site G1, um acidente com dois garis em São Sebastião, cujo próprio caminhão atropelou os trabalhadores, tentou frear, não foi bem sucedido, invadiu a outra pista bateu em um carro e tombou. Os garis morreram.

Outro lado

A empresa Sustentare informou que o salário é fixado em acordo coletivo de trabalho. “Todos os salários são definidos em convenção da categoria e cumpridos rigorosamente pela Sustentare Serviços Ambientais”, esclareceu em nota à agência. Além disso, apontou que os profissionais têm direito a descanso durante a jornada. A respeito do transporte para o trabalho, a empresa reitera que ônibus são oferecidos

Sobre os riscos, a empresa afirma que “todos os funcionários que participam do treinamento veem uma apresentação com os riscos e cuidados necessários. Fora isso, a empresa possui oito técnicos de segurança do trabalho que visitam todos os trechos diariamente”, acrescentou. Com relação à máscara, todos os funcionários a recebem juntamente com o uniforme e assinam a um comprovante constando o recebimento de todos os itens obrigatórios.

Por Jade Abreu – Agência de Notícias UniCEUB

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