Nos últimos cinco anos o Distrito Federal registrou cerca de quatro mil novos casos do vírus HIV/Aids, segundo a Secretaria de Saúde do DF. Atualmente, cerca de 9.800 pessoas recebem tratamento nos 11 serviços de referência da cidade.
Com o gasto anual de 1,2 bilhão para todo o Brasil, os medicamentos antirretrovirais (ARV) são adquiridos pelo governo federal. O tratamento é público pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Quem opta por receber os cuidados em consultório privado pode retirar a medicação na rede pública também.
As cinco regiões administrativas do Distrito Federal com maior coeficiente de incidência de Aids em ordem decrescente são: Candagolândia, Riacho Fundo I, Asa Norte, Guará e Paranoá, segundo a Secretaria de Saúde.
Diagnóstico
Para Gabriel Estrëla, 23 anos, estudante de artes cênicas, a informação é importante para que as pessoas compreendam o assunto. Em 2010, quando tinha 18 anos, Gabriel descobriu que era soropositivo. Ele conta que ao receber o diagnóstico não pensou em nenhuma figura específica. Mesmo assim, houve quem perguntasse a ele se o nome de Cazuza veio a mente, por exemplo. “O estigma é muito forte. Mesmo sem pensar em ninguém, ele se instalou”, conta. Ele ressalta que desconstruir a ideia de morte é o mais fácil. “Para entender que você terá uma vida com dignidade, qualidade, que você pode se relacionar, ter família, são vários passos. Tratar o HIV é fácil. Tratar a pessoa que é o desafio”, fala.
“Boa sorte” é o nome do projeto teatral que Gabriel encabeçou ao descobrir que era portador do vírus. “O nome da peça faz alusão a toda sorte que tive: de encontrar pessoas incríveis no meu caminho, um médico bom, de me adaptar bem ao tratamento”, conta.
A peça, escrita em 2013, foi apresentada duas vezes na Universidade de Brasília (UnB), onde estuda artes cênicas. “A repercussão foi muito boa. Agora batalhamos para produzir em uma escala maior, para tornar a peça nacional”, explica. O projeto tem o objetivo de promover o diálogo sobre o tema.
Para saber mais e acompanhar o desenvolvimento do projeto de Gabriel, basta visitar a página no facebook clicando aqui.
Gabriel considera que após o diagnóstico recebeu novas portas abertas. “A oportunidade é importante para falar sobre o assunto. Eu fiz a escolha, enquanto ativista e artista, em colocar o HIV na minha frente”, relata. Ele destaca que, depois de assistir a peça, colegas fizeram o teste de HIV. “Percebi que era uma arma poderosa nessa luta”, relembra.
Ao ser questionado se poderia definir HIV em uma palavra, baseada em toda sua história, ele responde, sem dúvidas: esquina.
Histórico
O relatório da Secretaria de Saúde em outubro de 2014 ainda revela que no começo dos anos 80 a epidemia de HIV/Aids se manteve basicamente restrita às regiões metropolitanas do Sudeste e Sul do Brasil. Na época, as principais vias de transmissão era por meio sexual, entre homens que fazem sexo com homens; sanguínea; e pelo uso compartilhado de seringas. Já a partir da década de 90, a epidemia assumiu outro perfil. A transmissão heterossexual passou a ser a principal transmissão do HIV, que apresenta maior tendência ao crescimento em anos recentes, acompanhada de uma expressiva participação das mulheres na dinâmica da epidemia.
Nos últimos anos houve um processo de modificação da epidemia em relação ao perfil de nível educacional. O relatório mostra que o vírus inicialmente alcançava pessoas com níveis de maior escolaridade, mas, atualmente avança nos de menor escolaridade.
Ao todo, 35 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo vírus, sendo 718.000 no Brasil, segundo recente pesquisa (2014) realizada pela UnAids.
Diferença
A Síndrome da Imunodeficiência Adquiridas (Aids) pode se manifestar após o organismo sofrer infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), segundo Milton Júnior, docente em medicina. Por isso, segundo ele, quem tem o HIV não necessariamente possui Aids. “A diferença superficial é que o soropositivo porta o vírus, mas ainda não exibe sintomas. Quando há o aumento dessa carga viral, a tendência é de desenvolver sintomas”, explica.
O professor ressalta que para a prevenção, além do uso de camisinha e não compartilhamento de agulhas, é necessário que os portadores do HIV façam a utilização correta dos medicamentos.
Confira a entrevista completa com Gabriel Estrëla clicando aqui.
Por Daniella Bazzi
Foto destaque: João P. Telles