“Good morning”. “How are you?”. Expressões como essas passaram a fazer parte da rotina de 49 crianças que moram na Cidade Estrutural, região a 20 quilômetros de Brasília e onde fica o aterro sanitário, o “lixão” do Distrito Federal. A iniciativa encabeçada pela organização não-governamental Coletivo da Cidade passou a dar novas perspectivas para os moradores do lugar. Passaram a pensar em futuro, em bom português ou até além das fronteiras.
Ao todo, neste semestre, incluindo os adultos, o curso conta com oito turmas de aproximadamente 100 alunos. As aulas de inglês fazem parte do projeto Inglês na Estrutural que começou no primeiro semestre de 2014 com oito alunos e possui, hoje, turmas de adultos com 30 estudantes e 27 adolescentes.
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“É muito bom ver que os alunos estão aprendendo. Também é gratificante perceber que, com o tempo, alguns vão criando mais interesse por aprender inglês, percebendo que é algo possível de se fazer”, afirma a professora voluntária Camila Augusto, 26 anos, que desde o início do ano participa do projeto. Ela começou como voluntária das turmas de crianças, mas, com o crescimento do projeto, agora participa da equipe de apoio pedagógico.
Camila Augusto conta que descobriu o projeto na página do Facebook (“Inglês na Estrutural”). Ela ressalta que tinha interesse em fazer trabalho voluntário, mas não havia encontrado nenhuma boa iniciativa. “Gostei muito da proposta do projeto Inglês na Estrutural, pois tenho muito interesse por línguas estrangeiras e sei o quanto saber inglês teve impacto na minha vida”, destaca.
A professora afirma que o inglês abriu diversas portas tanto na vida profissional como na pessoal. “Acredito que aprender uma língua, como o inglês, pode mudar a vida de crianças em vários sentidos. Não só de um emprego melhor no futuro, mas até de conseguir entender uma música em inglês ou conversar com pessoas de outros países. Poder ajudá-los a alcançar isso é uma das coisas que mais me motiva a dar as aulas”, revela.
O Coletivo da Cidade
A coordenadora do programa Inglês na Estrutural, Luciana Barreto, 30 anos, explica que o Coletivo da Cidade atende crianças e adolescentes no contra turno escolar, junto de acompanhamento pedagógico e oficinas. Segundo ela, o objetivo é fortalecer vínculos familiares. O momento também propicia um espaço comunitário com atividades abertas para os moradores, como mutirões de saúde e o próprio curso.
Luciana é professora de inglês desde os 17 anos. Ao se mudar de São Paulo para Brasília, ela deixou a prática de lado. “Vim à capital com uma proposta de emprego, o que foi bom, porque professor de inglês não ganha tão bem, mas acabei ficando com saudade e comecei a dar aulas voluntariamente”, conta. Ela iniciou o curso sozinha no Coletivo da Cidade com uma turma de crianças a adultos no primeiro semestre de 2014.
De janeiro a junho deste ano, a coordenadora começou a recrutar voluntários para o projeto. “Conseguimos 15 pessoas que se candidataram para atuar no curso de forma gratuita. Dei o treinamento e depois dividimos em três turmas: crianças, adolescentes e adultos”, relembra. No segundo semestre de 2015, quando abriram as inscrições para voluntários, ela destaca que a procura foi bem maior. “Ao todo, 192 pessoas se inscreveram, uma média de 80 convocadas. Aproximadamente 70 compareceram ao treinamento”, ressalta. Além disso, a coordenação conta, atualmente, com 14 pessoas.
O curso
As aulas ocorrem nas manhãs de sábado com professores voluntários e é aberto a todos os moradores da Estrutural . Crianças a partir de sete anos podem participar. As aulas ocorrem na Escola Classe 2 da região.
E vem novidade por aí: Luciana Barreto conta que a equipe organiza o novo curso chamado Francês na Estrutural. A expectativa é de que as aulas comecem ainda em setembro. “Vamos começar um piloto para ver quantas pessoas aparecem e avaliar como será a procura. Já temos cinco professores voluntários”, explica.
Assista, em breve, vídeo sobre o assunto.
Imagem destaque: Equipe de Volunteachers. Foto: Facebook/Divulgação
Por Daniella Bazzi
