Os novos meios são responsáveis por verdadeiras maravilhas e facilidades impensadas para o jornalista formado no século 20. No entanto, quem trabalha com esporte sabe o quanto é necessário estar presente no local dos acontecimentos, item indispensável para o bom jornalismo. Os realizadores e as assessorias, no entanto, têm diminuído o movimento de quem está na cobertura. O tema é preocupação no Brasil e também em outros países. Durante Seminário Internacional de Jornalismo Esportivo, Sociedade e Indústria, em Brasília, o tema foi tratado como alerta de forma semelhantes por Jorge Luiz Rodrigues, colunista de O Globo, e James Dart, editor de esportes do britânico The Guardian.
Confira entrevista em vídeo com Jorge Luiz Rodrigues
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Do alto dos seus 30 anos na área, o jornalista Jorge Luiz Rodrigues garante que alguns procedimentos não mudaram nem devem se alterar. Para ele, é indispensável que o evento esportivo seja coberto no lugar que acontece. “Claro que isso requer investimento, mas pode ser a diferença na qualidade da informação que se presta ao público”.
Durante o evento, ele citou uma ocasião em que conseguiu uma entrevista exclusiva com o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. “Consegui conversar com ele no corredor. Perguntei sobre o Maracanã e ele explicou as condições do estádio. Consegui a manchete. Se eu não estivesse lá e dependesse de uma coletiva, não teria nada diferente”, exemplificou.
Em entrevista, Rodrigues crê que o termômetro da mobilização da imprensa ocorrerá durante a Copa das Confederações. “Se o veículo quer fazer uma cobertura e ser respeitado, precisa estar nos eventos”. Ele ressalta, no entanto, que os jornalistas brasileiros conhecerão as características dos eventos da Fifa, visto que a entidade segue protocolos para garantir os direitos dos veículos que pagaram pelas imagens, por exemplo.
“O jornal impresso tem menos acesso a determinadas áreas, mas consegue chegar à zona mista”. Rodrigues explicou que os veículos têm um grande desafio pela frente e uma das saídas é ter foco na cobertura. O jornalista adiantou que o jornal O Globo credenciou 27 profissionais para a Copa das Confederações. “Teremos um repórter em casa sede, além dos repórteres das próprias praças onde o veículo tem correspondentes”, explicou. Ele aposta numa experiência diferente, com muitos desafios e responsabilidades. “O mais próximo que fizemos foi na Copa América de 1989”.
Reinvenção – Diante das dificuldades, o jornalista inglês James Dart concorda que é necessário estar no local do evento, mas ressaltou a necessidade do jornalista se reinventar quanto às possibilidades de cobertura esportiva. Ele aponta que as multiplataformas deram mais desafios para o jornalista, incluindo a velocidade com que presta informação.
Confira entrevista em vídeo com James Dart (repórter: Sthael Samara)
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James Dart usou como exemplo sua experiência na cobertura das olimpíadas em Londres, onde o direito de transmissão do evento não permitia total acesso aos locais das disputas, o que obrigou os jornalistas buscarem outros meios de apuração e de uma abordagem diversificada. Ele apontou que a empresa jornalística deve apoiar os jornalistas em termos de preparação. Para ele, quanto antes começar a “estudar” o assunto, melhor. “Você tenta identificar a notícia 6 meses antes, avaliando os atletas, por exemplo.”
Por Cecília Sóter – estudante de jornalismo, repórter da Agência de Notícias UniCEUB