Após inicio da operação de desobstrução da Orla do Lago Paranoá, no dia 24 de agosto deste ano, o número de pessoas atendidas pelo Corpo de Bombeiros e Marinha, por motivo de afogamento, já é 10,5% maior do que todo o ano passado. Em 2014, foram registrados 36 casos. Até o final de setembro, o número total já é de 41 resgates. Não existiam dados ainda sobre o mês de outubro.
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A desocupação proporcionou espaços mais abertos à população, mas ainda sem a infraestrutura para fiscalização das áreas de banho. A situação preocupa os responsáveis pelo resgate das vítimas em Brasília, que entraram em ação 12 vezes mais no mês de setembro, se comparado ao mesmo período do ano passado.
O major Luiz Claudio, mergulhador de resgate do CBMDF, alerta que os banhistas têm utilizado mais o maior espelho d’água da capital federal. “É muito comum vermos pessoas ingerindo bebidas alcoólicas antes de nadar no Lago Paranoá. Isso é um risco eminente de afogamento. Aconselhamos as pessoas a não praticarem tal ato de maneira alguma”, contou.
O militar orienta que não é adequado deixar crianças andarem livremente desacompanhadas às margens do Lago. Outra recomendação é não utilizar equipamentos flutuadores improvisados, como colchões infláveis, caixas de isopor e plataformas feitas de garrafa pet também é importante, assim como nadar em áreas com maior concentração de público. “Frequentar áreas isoladas é um grande perigo para o cidadão. Às vezes acontece um afogamento e pessoa está longe de qualquer salva-vidas, o que impossibilita qualquer tipo de ação do Corpo de Bombeiros”, explicou.
Desocupação
A ação de desocupação atende a uma decisão judicial julgada em 2012. Foi decidido que o Distrito Federal ficaria responsável por desocupar todas as construções feitas a 30 metros das margens sul e norte do lago. Tratores e funcionários da Agefis (Agência de Fiscalização do DF), em conjunto com outros 15 órgãos, como a Terracap e Instituição Brasília Ambiental, ainda trabalham para liberar os lugares que foram considerados pela justiça como espaços públicos.
A operação foi dividida em três etapas. A primeira, que deveria durar 60 dias, foi finalizada com cinco dias de antecedência. Atualmente, a desocupação se encontra em sua segunda fase, que tem previsão de 120 dias para terminar (fevereiro de 2016), de acordo com o planejamento da Agefis. A terceira e última fase está programada para terminar em outubro de 2016.
Futuro
Segundo a assessoria de imprensa do IBRAM, não existem projetos prontos para implantação nas áreas de lazer que serão disponibilizadas para o público visitante da orla. “O projeto está em fase de contrução, junto à população, para a reocupação com caráter de preservação das áreas desobstruídas”.
O IBRAM considera que a ação ocorre de forma democrática. A direção do orgão pretende que a população decida a orla que quer. Uma atividade chamada de “Diálogos da Orla”, com moradores dos Lagos Sul e Norte, Plano Piloto e Paranoá contribuiu com um projeto para o local. Depois de concluído um ciclo de debates presenciais sobre o assunto, todas as contribuições foram disponibilizadas no site do Instituto Brasília Ambiental, durante um período de 40 dias, com intuito de receber outras contribuições de todos os moradores do DF.
Uma audiência pública é preparada, com data ainda a se definir, para apresentação do projeto final de ocupação da Orla. Além dessa contribuição da população, existem 21 orgãos envolvidos nesse trabalho.
Impasse
Para o presidente da Associação dos Amigos do Lago Paranoá (ALAPA), Marconi de Souza, o governo comete grande equívoco ao tomar a medida de desocupação. “O governo deveria pegar áreas isoladas que já vem sendo utilizadas para acessar o Lago (Prainha, QL 10 do Lago Sul, Barragem) que estão abandonadas, sem os devidos cuidados”, defende. Para ele, as medidas governamentais que estão sendo implantadas são irresponsáveis “Estão destruindo espaços que vinham sendo muito bem cuidados e preservados pelos moradores. Depois deixarão a orla largada” opinou.
Por Daniel Gonzaga