Especialistas alegam que radicalismo nas manifestações é um dos motivos para diminuir a quantidade de pessoas nos protestos. Segundo o professor universitário de sociologia Rogério Gimenez, pedidos como intervenção militar e impeachment afastaram as pessoas na segunda manifestação. Além do radicalismo, o professor disse que o distanciamento das eleições diminuiu os ânimos das pessoas mais engajadas. “São manifestações sempre voltadas ao contra”, concluiu o sociólogo.
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Já o cientista político Antônio Testa não acredita que a manifestação perdeu a força, apenas reduziu a quantidade. Segundo o especialista, a insatisfação popular é grande e tende a aumentar conforme aparecerem novas denúncias. O cientista acrescentou que as manifestações populares fazem parte da democracia, mas deve tomar o cuidado com o radicalismo dentro desses protestos. Para Testa, o excesso de manifestação transforma o verdadeiro protesto em um evento.
“E depois é uma saturação. De uma linha assim geral, ela deixa de se preocupar assim com contestações e passa quilo como manifestação de entretenimento, tipo parada gay e outros eventos e isso pode perder um pouco aquele apelo de contestação”, alegou o especialista.
Veja vídeo sobre a manifestação:
Nessa quarta-feira (15), manifestações contra o projeto de Lei da terceirização movimentaram cidades brasileiras. A greve de ônibus foi apenas uma das greves na capital do país. O Distrito Federal também teve paralisação dos sindicatos, dos bancários e da Central Única dos Trabalhadores.
Em São Paulo, professores, alunos e funcionários fecharam o portão da Universidade de São Paulo como protesto pela regulamentação das atividades terceirizadas. De acordo com a Polícia Militar, 60 pessoas participaram do protesto.
As manifestações, em geral, foram pacíficas, exceto pelo Espírito Santo. O confronto ocorreu entre os manifestantes e a polícia em Vitória. Outras regiões também tiveram manifestações contra o Projeto de Lei: Santa Catarina, Alagoas, Amapá, Goiás, Piauí, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais , Sergipe, Tocantins e Pará.
Dados
De acordo com o Datafolha, a manifestação do dia 12 de abril reuniu 100 mil pessoas em São Paulo. Em março, 210 mil pessoas protestaram. No Distrito Federal, também houve redução. No último domingo, apenas 25 mil pessoas foram às ruas. A metade das que tinham participado do primeiro protesto.
A pesquisa do instituto também revelou o perfil dos manifestantes. Em 77% dos casos, os manifestantes pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O índice de rejeição da presidente era de 96% entre os protestantes e 60% não gostavam do Partido dos Trabalhadores.
Segundo o instituto, a maioria dos manifestantes era do sexo masculino (56%), tinha ensino superior (77%) e a renda está entre 10 a 20 salários mínimos (25%). Entre eles, 63% dos protestantes tinham ido à Avenida Paulista em 15 de março.
Por Jade Abreu
Colaboração de Regina Arruda
Informações: Agência Brasil