No DF, há pelo menos 14 anos, homens têm permanecido mais do que as mulheres no emprego. As trabalhadoras acreditam que muitas empresas não estão preparadas para mantê-las nos cargos.
Dados de uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), publicada em março, mostram que entre 1998-2012, no Distrito Federal,o tempo médio que as mulheres permanecem nos mesmos cargos é menor do que o dos homens. Segundo dados de 2012 do IBGE, os trabalhadores brasileiros estão ficando cada vez mais nos empregos. Mesmo com este aumento, as mulheres ainda não atingiram a igualdade com seus colegas. O possível receio das empresas em relação à possibilidade de gravidez e a vontade de mudança das funcionárias são os principais motivos, dizem elas.
Maria Célia Freiras, de 48 anos, é formada em administração de empresas e já passou por uma série de empregos “Fui secretária, corretora de imóveis, sócia de restaurante. Estou em uma empresa de consultoria há 8 anos”, diz. O ambiente de trabalho da administradora é formado por dez pessoas. Dessas, sete são homens. Ela explica que nunca percebeu problemas ligados à permanência no trabalho em relação aos colegas, mas já sofreu com machismo. “As mulheres ficam menos nos cargos porque trazem certa instabilidade para empresas despreparadas. Muitos preferem trocar as funcionárias a correr esse risco”, diz.
Para Raquel Cristina Nunes Costa, de 27 anos, atendente e operadora de máquinas de uma copiadora, as empresas pagam menos às mulheres, e é esse o motivo que as fazem querer mudar de função ou de emprego. A copiadora tem uma demanda média de 5 mil cópias por dia. A jovem divide a função com um colega homem, que trabalha há 4 anos no local e recebe salário um pouco maior pelo tempo de trabalho. Para ela, a copiadora é mais uma etapa de um processo de crescimento e a intenção é de que em pouco tempo se transforme em outro trabalho ou função.
No primeiro emprego dela, como atendente de papelaria, já percebeu a diferença de gênero. Os colegas homens faziam trabalhos que requeriam força e as mulheres ficavam com o atendimento, “Acho que eles duravam mais no emprego porque não lidavam com o público, que é o mais difícil”, diz. Depois disso, trabalhou como vendedora em uma ótica e como secretária em consultórios da área de saúde. A jovem foi demitida da ótica pela dificuldade de chegar no horário e do emprego de secretária saiu porque queria mudar de área “Gosto de mudar, não consigo ficar parada”, destaca.
Por Gabriela Moll