A revolução digital permitiu o compartilhamento de informações em massa, a troca de ideias e provocou um novo jeito do público consumir produtos. Nas redes sociais, por exemplo, internautas se interessam por alguns serviços com base na indicação feita por outras pessoas. Quem divulga de forma frequente as experiências nas páginas pessoais e têm retorno positivo do público são chamados de influenciadores ou digital influencer.
As principais redes sociais dominadas por eles são Instagram, YouTube, Snapchat e Twitter, na qual celebridades, como Whindersson Nunes, Felipe Neto e Bianca Andrade fazem publicidades. Eles chegam a arrecadar lucro com menos de um minuto de vídeo.
De forma geral, os influenciadores digitais compartilham dicas de cuidados com a pele, de moda, apresentam sugestões de roupas, sapatos e acessórios e chegam a compartilhar a própria dieta para perda de peso ou rotina de exercícios para ganho de massa muscular.
No entanto, especialistas alertam sobre os riscos em seguir dicas de quem não é qualificado. É o caso da nutricionista curitibana Paola Altheia. Ela é autora do projeto Não Sou Exposição, o qual aborda os perigos de seguir tendências de influenciadores digitais fitness. Segundo a especialista, cada pessoa tem a própria prescrição. Por essa razão, não é recomendado o mesmo tratamento para todos, já que eles podem acarretar em problemas cardíacos, renais, perda de massa muscular, transtornos alimentares e comprometimentos hepáticos.
Na visão de Paola, por não saber quem está do outro lado da tela toda prescrição deve ser individualizada. “Uma determinada orientação propagada na internet pode chegar até um atleta, uma pessoa obesa e uma criança ao mesmo tempo. E pode não fazer sentido para nenhum deles. Seguir dicas genéricas pode ser perigoso se for algo não compatível com as necessidades do indivíduo”, esclareceu.
Exemplos
A tecnóloga em moda, estudante de publicidade e criadora do blog Sobre Moda e Outras Coisas, Raylane de Paiva Bendor Torres, 21 anos, é um exemplo de jovem que utiliza o Instagram e o blog para trabalhar como influenciadora, mas, experiente, ela estudou o mercado. A blogueira contou que tem um kit apresentação de mídias sociais para que a marca a conheça e o produto tenha ligação com ela. “Eu, particularmente, gosto quando a publicidade vem casada com o blog e com o Instagram, porque meu foco mesmo é o acesso ao site”, explicou.
Raylane Bendor criou o blog com as amigas no ensino médio, mas deu continuidade a ele sozinha. A tecnóloga em moda tem como meta usar o espaço como portfólio. “É um espaço de comunicação que vai além do que as redes sociais podem proporcionar, um espaço com mais de 140 caracteres. Posso compartilhar informações e referências que eu tenho e acho que são relevantes”, comentou.

A maquiadora Izabella Cardoso de Oliveira, 24 anos, tem 12 mil seguidores e ganhou destaque nas redes sociais por dar dicas acessíveis de produtos de beleza, roupas, decoração e maquiagem, no Instagram.
Moradora de Ceilândia, ela quer dar destaque à cidade. A maquiadora percebeu que é uma influenciadora digital quando começou a ser reconhecida. Ela contou que muitas se inspiram em atividades que ela posta por serem acessíveis. “Eu não foco em roupas caras, eu gosto de focar no geral, roupas de lojas caras e, também, roupas da feira. Além disso, eu quero valorizar a Ceilândia”, explicou.
Ela tem intenção de criar um canal no YouTube, mas por enquanto tem outras prioridades. “Também vou abrir um estúdio, porque quero um cantinho meu para que possa dar os meus cursos. O YouTube vai acontecer, mas não agora”, contou.
A digital influencer e o noivo trabalhavam em lojas de departamentos, mas, depois de muita dificuldade, resolveram seguir a empreitada juntos. David Lucan Duarte, 28 anos, é, também, o organizador da agenda da Izabela e o fotógrafo do dia-a-dia.
Antes de tornar-se maquiadora, Izabela era vendedora em uma loja de roupas e as colegas a incentivaram a investir no talento na maquiagem. “Eu considero que estou começo, por mais que eu ache que tudo esteja acontecendo tudo muito rápido. Tem menos de um ano”, explicou.
Dados
No Brasil, o termo digital influencer já se disseminou e o Centro Universitário Brasileiro (Unibra), em Recife, criou o curso tecnólogo de digital influencer. A primeira turma começará as aulas em janeiro de 2018. Contudo, a instituição explicou que os alunos não serão formados, apenas, para ficarem famosos nas redes sociais como os influenciadores digitais conhecidos. Eles terão base para trabalhar com o marketing, com a comunicação digital, com a gestão de mídias sociais, com a produção de vídeo e com a escrita.
Todavia, o Brasil não é o pioneiro na empreitada, a primeira universidade a criar o curso de digital influencer foi a Universidade Industrial e Comercial Yimo (YWICC), na China.
Júlia Fagundes
Sob supervisão de Isa Stacciarini