Pandemia prejudicou comunicação com surdos, diz estudante

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Este 26 de setembro (dia do Surdo) é uma data que marca luta e história, segundo a estudante Pammelleye Katherinne, de 25 anos. Para ela, é uma data de reflexão a respeito dos direitos e da inclusão das pessoas surdas na sociedade. “É essencial que relembremos a história e a luta da nossa comunidade”, afirma.

Nesse momento, aliás, é desafiador em função das dificuldades impostas pela pandemia. No entender dela, há dificuldades de comunicação em espaços como o o hospital (em função da máscara), o que impossibilita a leitura labial. Ela conta que no curso universitário que frequenta a experiência tem sido “muito boa”. “A comunicação depende de lugar para lugar, para mim não é tão difícil porque às vezes me comunico por meio da voz (oralização) e tenho boa leitura e escrita na Língua Portuguesa”, afirma.

Leia sobre a necessidade de mais intérpretes em Libras

As mídias sociais muitas vezes não têm legenda, o que a incomoda muito pois apenas com o áudio não consegue acompanhar muito bem. Os intérpretes não são necessários em todos os momentos, mas nas aulas virtuais síncronas, por exemplo, é essencial. Muitas vezes o surdo precisa levar uma pessoa para interpretar em diversos lugares, como em hospitais e bancos. Na igreja que Pammelleye frequenta, há intérpretes aos sábados e domingos.

“A única surda”

Quando foi estagiária, Pammelleye encontrou dificuldades por ser a única surda do local e conviver com pessoas que não sabiam a Língua de Sinais e sabiam pouco da cultura dos surdos, porém, fora desse espaço, ela conhece muitas pessoas que sabem Libras e convivem com a comunidade surda através dela.

Em 2013, por meio de uma lei distrital, foi criada a Escola Bilíngue Libras e Português Escrito, é a primeira do Distrito Federal voltada para pessoas com deficiência auditiva. Fica em Taguatinga e atende estudantes em todas as etapas do ensino básico e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

História

O dia 26 de setembro foi escolhido como o dia do surdo por ser a data de inauguração do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdo) em 1857, no Rio de Janeiro, a primeira escola para surdos do Brasil.

Até 1908, a data de fundação do Instituto era considerada 1º de Janeiro de 1857, mas o artigo 7º do decreto de nº 6892 de 19 de março de 1908, determinou a mudança para a data de fundação do INES em 26 de Setembro de 1857, isto porque, através do artigo 16º da Lei 939 de 26.09.1857, o Império brasileiro concedeu a primeira dotação orçamentária para o Instituto passando então, a chamar Imperial Instituto de Educação de Surdos Mudos.
O INES é tido com referência nacional na educação de surdos, mantido pelo Ministério da Educação e Cultura.

No Brasil, a Linguagem Brasileira de Sinais foi reconhecida em 2002 como a segunda língua oficial, entretanto, levando em consideração a quantidade de surdos que existem no país, o número de pessoas que sabem Libras ainda é muito pequeno.

Por que a cor azul?

A cor azul remonta a um momento crítico para toda a sociedade, mas ao mesmo tempo simboliza orgulho e resistência pela comunidade da surda. Durante a Segunda Guerra Mundial, as pessoas com deficiência eram consideradas inferiores, por isso, os nazistas os identificavam por meio de uma faixa azul no braço.

Dessa forma, em 1999, a cor azul passou a ser utilizada pelos surdos como um símbolo de resistência. No XIII Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos sediado na Austrália, o Dr. Patty Ladd (surdo) usou uma fita azul no braço pela primeira vez como símbolo do movimento. sendo marcada como a Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony).

Por Ravenna Alves e Gabriela Chabalgoity

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

 

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