“Passo a ponto”: crise atinge comerciantes na Feira dos Importados

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Feirantes e consumidores se desdobram para driblar a má fase

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O comércio na Feira dos Importados de Brasília sofre os impactos da crise econômica. Faixas de “aluga-se” e “passo o ponto” tornaram-se mais comuns por lá. A reportagem observou pelo menos sete lojas fechadas no Bloco B. Os comerciantes que esperavam com grande expectativa por datas comemorativas, como Natal e Dia das Crianças, quando o movimento geralmente é maior no comércio, hoje vivem em clima de incerteza e desânimo. A cooperativa de vendedores preferiu não comentar a situação

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Uma comerciante que se identificou como Ana*, de 60 anos, trabalha na Feira dos Importados desde 1996. Ela mudou pelo menos três vezes de ramo para tentar encontrar um produto que venderia mais e traria lucro maior. Já comercializou roupas, utensílios para cozinha e atualmente trabalha com brinquedos. “Todo dia tem um pai, um tio, um avô que vem na feira com uma criança e acaba comprando um brinquedo. Foi aí que eu vi que poderia ganhar mais dinheiro”, lembra. Ele lamenta que foi fraco o resultado nas vendas na última data comercial, o dia das crianças. “Não tenho expectativas para vender muito no Natal”.

 

Outra vendedora, identificada como Fabiana*, 53, também enfrenta dificuldades na feira. Ela é proprietária de um dos pontos no Bloco B e trabalha sozinha vendendo panos de prato com crochê: “A minha sorte é que não tenho que pagar funcionário porque senão já teria fechado. Só tá dando para comprar (mercadoria) e pagar o aluguel”. Fabiana acrescenta que os consumidores querem mais descontos e que, para vender mais produtos, teve de abrir mão de uma margem de lucro maior. “Já vendi praticamente pelo preço que comprei”, lamenta.

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Porém, pelo menos para alguns produtos, a procura continua alta. É o que conta a vendedora Rosângela Alves, 28, que trabalha em uma loja que vende mais de 100 modelos de capas protetoras personalizadas para celulares. “Todos os dias vendemos várias capas, tudo mundo precisa, principalmente quem compra um celular novo, eles saem da loja e vem direto pra cá”.

 

“Preços salgados”

Se para quem vende está difícil, para quem compra também. O analista de sistemas Ricardo Ferreira, 31, frequenta a feira pelo menos uma vez por mês. Ele explica que ia mais vezes porque ali era o único lugar que encontrava alguns eletrônicos que não achava no shopping. “Por aqui, os preços estão mais salgados e a variedade de produtos não é mais a mesma, já que algumas lojas especializadas fecharam”, relata.

O Distrito Federal enfrenta uma crise no comércio. Só na Asa Sul, até junho deste ano, o Sindivarejista contou 208 lojas fechadas. Um fator explica a queda no número de vendas é o desemprego. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), a taxa de desemprego subiu para 11,8% no trimestre encerrado em agosto.

Por Diego Schueng 

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