Ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade afirmou que a responsabilidade de punição cabe ao Estado
O ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, disse que cabe ao Estado brasileiro dar continuidade ao trabalho desenvolvido. De acordo com o jurista, o relatório da comissão indica os crimes de tortura, assassinato e ocultação de cadáveres, considerados hediondos. De acordo com o ex-coordenador, esse é o dever do Ministério Público e do poder judiciário. Pedro Dallari esteve presente em Brasília para uma palestra.
Assista vídeo com a entrevista:
O ex-coordenador acrescentou que não vê necessidade na revisão da Lei de Anistia, já que, de acordo com o jurista, o objetivo da lei não é proteger quem cometeu os crimes hediondos. “Muitos juristas têm se manifestados no sentido de que a Lei de Anistia não pode ser utilizada para proteger aqueles que deram causa a graves violações dos Direitos Humanos”, alegou Dallari.
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Pedro Dallari também criticou as reclamações de retaliação do governo em relação às Forças Armadas. Para o ex-coordenador, essas acusações são infundadas por causa do investimento em compras de equipamentos no setor militar. O jurista acrescentou que seria um gesto digno e de hombridade os militares reconhecerem a violência do período militar. “A persistência em não reconhecer isso que já está claro paira como uma nuvem ruim sobre a sociedade brasileira.”
Apesar de protestos com mensagens de apoio à intervenção militar, o ex-coordenador da CNV alegou acreditar que ainda vai ter um pedido de desculpas para as pessoas que sofreram com as torturas. Ele alegou que é inevitável o reconhecimento dos crimes no período da ditadura militar. O relatório da comissão está disponível no site da CNV para consulta.
Por Jade Abreu
Entrevista: Jade Abreu
Imagens: Cleiton Mota