O jornalismo tem a “tarefa preciosa” de reivindicar autoras que foram silenciadas e conectá-las ao presente. A opinião é da jornalista e escritora chilena Alejandra Costamagna, que palestrou na 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília. Ela lamentou o legado do Augusto Pinichet (ditador que ficou no poder entre 1973 a 1990) e recordou que o discurso dele continua atual em regimes de extrema direita pelo mundo, incluindo o Brasil. “Ele discursava o tempo todo sobre pátria e família”.
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Ela é autora dos livros “Sistema do Tato” e “Impossível Sair da Terra”. Segundo Costamagna, a família é um experimento da sociedade e em cada uma delas está contida as relações de poder, as dinâmicas de classe, raça e gênero.
Por isso, discutir a formação antropocêntrica e os seus núcleos, como a família, tem se tornado cada vez mais importante.
Debate político
A tradutora, e também jornalista, Mariana Sanchez complementou a fala da palestrante dizendo que a ideia de família não é canônica e deve ser vista como a construção da família possível.
“Agora estamos em um grande debate político no Brasil, em que há uma ala muito conservadora defendendo a família tradicional, mas sabemos que isso não existe”, afirmou Sanchez.
Como parte da solução para os dias difíceis que estamos vivendo, Alejandra Costamagna recorre à literatura e ao jornalismo. Para ela, o movimento editorial de resgatar escrituras de mulheres, revisitar a história e fomentar essa arte é essencial contra retrocessos.
Para a autora, o jornalismo pode contribuir ao construir o perfil dessas autoras para que seus livros sejam acompanhados de um contexto que lhes foi negado em sua época.
É preciso entender com quem elas se relacionavam, o que pensavam e como se vinculavam com os movimentos culturais para fortalecer as lutas contemporâneas. “O que o jornalismo faz é transmitir de geração para geração aquilo que não queremos que seja esquecido”, conclui Costamagna.
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Por Juliana Weizel
Foto Rodrigo Fernandez – Feira do Livro de Santiago – Divulgação
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira