Preservação de Brasília não pode levar a um “museu a céu aberto sem vida”, alertam especialistas

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O geógrafo Aldo Paviani e o arquiteto Carlos Madson Reis criticaram, em live realizada pelo Museu da Educação, a concentração de oportunidades e também de atenção para o Centro de Brasília, como um local que deve preservar exclusivamente seus prédios. “Eu temo que o Centro se transforme apenas em um museu a céu aberto”, disse Reis.

Eles explicaram que trabalhadores das regiões administrativas e do Entorno dependem ainda fortemente dos recursos e vagas de trabalho na capital. Além disso, eles chamaram a atenção para o fato de que a preservação da capital apenas para poucas pessoas e que não se pode deixar a cidade “mumificada”. “A cidade é um artefato coletivo de pessoas anônimas”.

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Aldo Paviani destacou que preservação da cidade tem levado à centralização das atividades que gera dependência e sobrecarga da região pelos demais moradores. O geógrafo acredita que a solução para o problema seria a descentralização das oportunidades de trabalho.

O debate ocorreu por iniciativa do museu de Educação do Distrito Federal, na última quarta (9), para discutir o tema: ”Brasília, Patrimônio Cultural: desafios da preservação e perspectivas”.

Cidadania

Carlos Madson conceitua que a preservação é um exercício de cidadania e não deve  “Desafio da preservação é o desafio da cidadania”. Ao analisar a questão, ele relata a perda de qualidade no processo de preservação, uma vez que a educação precária, o transporte de baixa qualidade, o abandono de determinadas regiões acarretam a perda da essência da cidade, que são elementos influenciadores da preservação, segundo o pesquisador.

Além disso, ele lembra que ao receber o título de Patrimônio, a cidade está comprometida com a responsabilidade de preservar, que deve ser realizada não somente pelo centro, e sim como um todo. Apesar de considerar a possibilidade de um deslocamento do centro administrativo, defende que a cidade mantenha sua funcionalidade e vitalidade para não se tornar um museu a céu aberto.  “O Parque da Cidade está abandonado”, lamentou.

“É um equipamento público. Todos ajudaram a construir Brasília, cada um na sua função. A cidade é um artefato coletivo de pessoas anônimas e não anônimas”, afirmou o arquiteto.

Ao tratar sobre as fragilidades do processo de preservação, Aldo Paviani apontou o controle da questão econômica no setor imobiliário para não alterar a estrutura dos prédios e habitações.  

Já Carlos Madson aponta o aprimoramento da questão legislativa na prática preservativa e defende que o reconhecimento da cidade como Patrimônio deve ser considerado como combustível para o desenvolvimento e não para ficar “segmentada”.

“Não podemos tratar preservação como algo inatingível para a maioria da população”.

Ele reiterou sobre a constituição da cidade por relações sociais que dependem da circulação e interação de vários indivíduos.

Por Maria Eduarda Cardoso

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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